terça-feira, 13 de maio de 2008

Marilyn Horne

Marilyn Horne nasceu nos Estados Unidos da América em Bradford (Pennsylvania) a 16 de Janeiro de 1934. Desde muito cedo na sua vida foi influenciada pelo pai a prosseguir o seu sonho de se tornar cantora de ópera. Aliás, o pai, até morrer, teve sempre um papel bastante importante na carreira da cantora.

Aos treze anos, depois da família se ter mudado para Long Beach na Califónia, integra o Los Angeles Concert Youth Chorus, onde sempre teve um papel de destaque como Soprano.

Mais tarde estuda canto com William Vennard na University of Southern California em Los Angeles onde assiste também às Master Classes de Lotte Lehmann.

Embora tenha iniciado os seus estudos como Soprano, cedo os seus professores compreenderam que as suas características vocais se adequavam mais a um registo de Mezzo-soprano.

Embora, caracterizada como Mezzo-soprano, isto é, uma voz mais encorpada nos registos médio e grave que a do Soprano, mas com um registo agudo praticamente igual, a voz de Marilyn Horne é bastante mais que isso. O seu registo grave, bastante poderoso, leva-nos muita vezes a pensar a sua voz como Contralto, a voz feminina de registo mais grave. Outra característica importante da voz da cantora é a sua agilidade em qualquer dos registos. A voz, com uma extensão rara de mais de três oitavas, é capaz de executar passagens extremamente rápidas, ou seja, Marilyn Horne deve ser considerada um Mezzo-soprano de Coloratura, mas com uma potência muito apreciável, característica rara na maioria deste tipo de Mezzo-sopranos.

A cantora debutou na ópera aos vinte anos de idade (1954) no papel de Hata na ópera The Bartered Bride de Smetana na ópera de Los Angeles. Ainda nesse ano deu voz a Carmen de Bizet em versão de filme, papel que foi interpretado pela actriz Carmen Jones.

Depois da morte de seu pai, em 1957, Marilyn Horne parte para a alemanha, onde assina contrato com a companhia de ópera de Gelsenkirchen e onde se mantém durante 3 anos, interpretando papeis de soprano nomeadamente, Mimi (La Bohème - Puccini), Guilietta (Tales of Hoffmann - Offenbach) e Amélia (Simon Boccanegra - Verdi). Destaca-se nesta altura a sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck do compositor austríaco Alban Berg. Os aplausos dos críticos a esta interpretação (que a cantora nem queria fazer), valeram-lhe o regresso aos Estados Unidos a convite da ópera de S. Francisco. A cantora deixa a Alemanha em 1960.

A sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck é amplamente aclamada pelo público e pela crítica nos Estados Unidos e Marilyn Horne passa a ser conhecida internacionalmente.

Em 1961, a cantora aparece pela primeira vez acompanhada pelo soprano Joan Sutherland, com quem viria durante a sua carreira a interpretar inúmeras óperas. Aliás, Joan Sutherland e Marilyn Horne ficarão para a história como duas das vozes que mais se completam. No ano de 1961 Horne interpreta a personagem de Agnese (Mezzo-soprano) da ópera Beatrice di Tenda de Bellini com Joan Sutherland como Beatrice.

Depois do êxito no papeis de Marie e Agnese, a cantora estreia-se nos mais importantes palcos operáticos do mundo. Salientam-se as suas interpretações com Joan Sutherland nas óperas Norma e Semiramide de Bellini e Rossini, respectivamente.

A cantora é por muito críticos considerada a melhor interprete dos papeis de Rossini para Mezzo-soprano, com destaque para Rosina do Barbeiro de Sevilha, Falliero da ópera Bianca e Falliero (papel para contralto), Isabella de L'italiana In Algeri, Arsace da ópera Semiramide, Tancredi da ópera homónima e Angelina de La Cenerentola.

Importa também referir a interpretação de Rinaldo personagem da ópera homónima de Handel, que a cantora interpretou no Metropolitan de Nova Iorque e que nunca aí tinha sido interpretada neste palco operático.

Marilyn Horne retirou-se dos palcos em 1999 com um recital no Chicago Symphony Center. Tem hoje uma fundação com o seu nome que ajuda a preservar a arte dos recitais vocais e que se dedica também ao ensino.

A cantora ficará na história como um dos melhores Mezzo-sopranos de sempre.


Alberto Velez Grilo

Foto:www.deccaclassics.com

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