sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Férias

As férias do Ao Lado da Música vão prolongar-se, pelo menos, até Janeiro de 2009.

Espero voltar ao vosso contacto nessa altura.

Até lá...


Alberto Velez Grilo

terça-feira, 24 de junho de 2008

Billie Holiday

Billie Holiday (nome artístico de Elanora Fagan) nasceu em Baltimore, Estados Unidos da América, a 7 de Abril de 1915 e é para muitos considerada das melhores cantoras de jazz de todos os tempos, ao lado de nomes como Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan.

Com uma infância particularmente difícil nomeadamente pelo facto de os seus pais serem ainda adolescentes quando nasceu e ter sido violada por um vizinho aos 10 anos de idade, Billie Holiday, torna-se cantora por acaso quando aos 15 anos tentou se contratada como bailarina num bar do Harlem (Nova Iorque). A sua audição para bailarina revelou-se um desastre, mas o pianista perguntou-lhe se sabia cantar. Billie cantou e encantou, tendo sido contratada como cantora.

Sem qualquer tipo de formação musical, Billie Holiday "aprendeu" jazz recorrendo a gravações de Louis Armstrong e Bessie Smith.

Após três anos a cantar em diversas casas, atraiu a atenção do crítico John Hammond, que lhe possibilita a gravação do seu primeiro disco, com a big band de Benny Goodman. Pode-se afirmar que foi nesta altura que a sua verdadeira carreira teve início. A cantora começou a apresentar-se nas casas nocturnas mais importantes do Harlem (Nova Iorque).

Cantou com as big bands de Artie Shaw e Count Basie, tendo sido uma das primeiras cantoras negras a cantar com uma banda de brancos (Artie Shaw), numa época de segregação racial nos Estados Unidos da América (anos 30).

A sua carreira consagra-se apresentando-se com as orquestras de Duke Ellington, Ted Wilson e ao lado de Louis Armstrong.

Billie Holiday foi uma das mais comoventes cantoras de jazz de sua época. Com uma voz etérea, flexível e levemente rouca, a sua dicção, o seu fraseado e a sensualidade expressando uma incrível profundidade de emoção, aproximaram-na do estilo de Lester Young, com quem, em quatro anos, gravou cerca de cinquenta canções, repletas de swing e cumplicidade. Foi Lester Young que a apelidou de Lady Day.

Em 1944 grava o trágico Strange Fruit (Fruta Estranha) que suscitou o escândalo pelo tema da segregação racial que abordava. Os "estranhos frutos" eram uma alusão aos cadáveres dos negros pendurados nas árvores.

Viciada no álcool e nos estupefacientes, foi presa e internada durante um ano (1947-48). O estupro sofrido enquanto criança marcou sempre a sua vida. Uma vida que a droga levou ao fim. A voz, dolorosamente trémula, torna-se áspera e o seu canto sensível torna-se amargo e artificial.

Embora não sendo um cantora preferencialmente de Blues, foi por muita crítica jazzística aproximada a Bessie Smith, enquanto herdeira da música do gueto negro e devido à sua existência penosa e atormentada.

Pouco antes de sua morte, Billie Holiday publicou sua autobiografia em 1956, Lady Sings the Blues, a partir da qual foi feito um filme, em 1972, tendo Diana Ross no papel principal.

Billie Holiday morre em Nova Iorque a 17 de Julho de 1959.


Alberto Velez Grilo
Texto Baseado em artigos da wikipedia e no livro - Os caminhos do Jazz - de Guido Boffi
Foto: www.sonymusic.com

Billie Holiday - Une anthologie 1947/1956

Lançado pela editora francesa Nocturne, este duplo CD de Billie Holiday faz parte de uma colecção de antologias dos grandes nomes do jazz designada Cabu Jazz Masters.

Com um design de capa bastante original de autoria do caricaturista francês Jean Cabut ou Cabu, cada uma das antologias é composta por dois CD disponíveis a um preço muito apeletivo.

No que respeita a Billie Holiday, a antologia cobre o período 1947/1956, isto é, um período em que a voz e a carreira da cantora já tinham atingido a plena maturidade. Nas últimas gravações até é possível notar já alguma decadência a nível vocal.

Faz parte deste trabalho um conjunto de 42 temas, salientando-se as baladas e os swings que tanto caracterizaram a cantora.

Uma vez que cobre um período de nove anos, várias são as bandas e orquestras que acompanham Billie Holiday. Destacam-se:

A orquestra de Bob Haggart O trio de Bobby Tucker A orquestra de Buster Harding A orquestra de Sy Oliver A orquestra de Gordon Jenkins O sexteto de Tiny Grimmes A orquestra de Count Basie A orquestra de Tony Scott

Vários temas são ainda interpretados pela cantora acompanhada pela sua própria banda ou pela sua orquestra.

Louis Armstrong participa em dois temas, You Can't Loose a Broeken Heart e My Sweet Hunk O'Trash.

Destaque ainda para os temas Billie's Blues (I Love My Man) da autoria da cantora e I Cried For You, interpretados ao vivo no famoso concerto do Carnegie Hall (Nova Iorque) a 10 de Novembro de 1956.


Alberto Velez Grilo
Foto: nocturne

Billie Holiday - Strange Fruit

Lançado pela Salt Peanuts em Novembro de 2007, o DVD Strange Fruit contém a maior parte das gravações que Billie Holiday fez para televisão.

Contém gravações de 1950, 1956, 1957, 1958 e 1959.

Como será de esperar, a qualidade da imagem não é a melhor, mas no entanto, o DVD consegue transmitir um pouco do que foi a voz e a carreira desta grande interprete.

Curiosamente a gravação com melhor qualidade de imagem é a de 1950.

Fazem parte do DVD os seguintes temas:

God Bless the Child (Herzog-Holiday) 1950
Now Baby, or Never (Holiday - Lewis) 1950
My Man (Charles-Pollack-Yvain) - 1956
Please Don't Talk About Me When I'm Gone (Clare-Palmer-Stept) 1956
Billies's Blues (Billie Holiday) 1956
Easy To Remember (Rodgers - Hart) 1958
What a Little Moonlight Can Do (Woods) 1958
Foolin' Myself (Lawrence - Tinturin) 1958
I Only Have Eyes For You (Dabin - Warren) 1958
Travelin' Light (Mercer - Young) 1958
Strange Fruit (Alan - Marks) 1959
I Loves you Porgy (George & Ira Gershwin) 1959
Fine and Mellow (Billie Holiday) 1957


Alberto Velez Grilo
Foto: www.amazon.co.uk

terça-feira, 17 de junho de 2008

Barítonos e Baixos

Numa rubrica dedicada à vozes masculinas mais graves, os Barítonos e os Baixos, duas óperas de Verdi: Nabucco e Attila.

Nabucco para voz de Barítono interpretado por Renato Brusson e Attila para voz de Baixo interpretado por Samuel Ramey.


Alberto Velez Grilo

Nabucco - Guiseppe Verdi

Uma das ópera mais importantes para a voz de barítono é a ópera Nabucco de Giuseppe Verdi.

Lançado em 1999 este duplo CD contém uma gravação realizada ao vivo em Tóquio no final dos anos 80.

Antecedentes e Sinopse

Milão, 1841-42. A temporada de ópera iniciara-se da forma mais auspiciosa com a estreia duma nova ópera de Donizetti, então no auge da sua carreira, Maria Padilla interpretada pelo famoso soprano alemão Sophie Loewe e pelo famosíssimo barítono Giorgio Ronconi, uma presença privilegiada no Scala. Maria Padilla de Donizetti teve 23 representações.

Seguiu-se Saffo de Paccini, ópera que tivera a sua estreia em Nápoles havia um ano.

A terceira ópera da temporada no entanto foi um fiasco. Tratava-se de Odalisa de Alessandro Nisi, um compositor que acabaria por abandonar a carreira para ocupar um modesto lugar de mestre de capela numa aldeia remota da península italiana.

A temporada do Scala prosseguiu com uma outra ópera de Donizetti, Belisario, escrita havia 5 anos, e cantada também por Ronconi e pelo célebre soprano Giuseppina Strepponi.

Ronconi e Strepponi que iriam estar presentes na última ópera da temporada, uma ópera que não fora sequer anunciada no cartellone (um calendário dos espectáculos que o Scala publicava todos os anos antes do início da temporada). Essa ópera fora escrita propositadamente para o Scala por um jovem compositor de 28 anos que, três anos antes, obtivera algum sucesso com a apresentação da sua primeira ópera naquele teatro, à qual se seguira uma segunda de carácter jocoso, recebida com bastante frieza.

Foi pois com um sentimento misto de expectativa e de temor que os frequentadores do Scala se dirigiram para o teatro naquela remota noite de Carnaval de 1842, dia 9 de Março.
Seguiria aquele jovem compositor o destino brilhante de Donizetti? ou iria tornar-se um mero fornecedor de óperas ao gosto da época como Paccini? ou seria que o esperava o fiasco? o futuro de mestre de capela numa remota aldeia da província como iria acontecer com Alessandro Nisi?
A verdade é que aquela noite iria ser decisiva, e o autor da ópera apresentada pela primeira vez no Scala no Carnaval de 1842, dia 9 de Março, iria tornar-se um verdadeiro ídolo do povo italiano, e seria considerado universalmente como o maior compositor de óperas da Itália.

Passados 60 anos sobre essa estreia memorável toda a população de Milão saiu para a rua para acompanhar o cortejo que levaria os restos mortais desse compositor para a sua última morada. Durante esse cortejo impressionante, no qual se incorporaram o coro e a orquestra do Scala, a multidão entoaria um trecho dessa ópera estreada nesse longínquo Carnaval de 1842, e cujas palavras pareciam ganhar uma nova carga simbólica. Estamos a falar do famoso coro dos escravos, e a ópera estreada no Scala há quase 160 anos era o Nabucco. O seu autor? Giuseppe Verdi.

Regressando a Nabucco recordamos que a sua estreia em Milão em 1842 ultrapassou todas as expectativas. O elenco era excelente com Ronconi no papel de Nabucco e com Giuseppina Streppone no de Abigaïl. À parte isso o teatro não tivera grandes preocupações com os cenários ou o guarda roupa que reciclara dum bailado sobre o mesmo tema. Mas o sucesso da ópera foi tão grande que não teria apenas as 8 representações previstas para essa temporada, entre o Carnaval e a Páscoa, mas regressaria no Outono acabando por bater todos os recordes do Scala com um total de 67 representações. É durante esse período que a ópera adquire o seu título definitivo abreviado, Nabucco, oficializado em 1844, já que o título original era "Nabuccodonosor".

Contrariamente ao habitual Nabucco não está dividida em actos mas em partes, cada uma sob um título específico, e apresentando determinada situação: Jerusalém, O Ímpio, A Profecia e O Ídolo Quebrado.

A acção desenrola-se durante o reinado de Nabuccodonosor II, Rei da Babilónia que subiu ao poder 605 anos antes de Cristo, e que foi o responsável pela reconstrução da cidade considerada uma das 7 Maravilhas do Mundo. Cerca de 20 anos depois de ter sido coroado, Nabuccodonosor parte à conquista das terras de Judá destruindo o Templo de Salomão e fazendo numerosos prisioneiros que leva consigo para a Babilónia na condição de escravos.
A 1ª parte da ópera relata precisamente a invasão de Jerusalém e a destruição do Templo de Salomão – lugar onde a acção se desenrola.

Durante a sua estadia na Babilónia, onde fora embaixador, Ismael, filho do Rei dos Hebreus, apaixonara-se por Fenena, filha de Nabuccodonosor. Fenena tem uma irmã, Abigaïl, que também ama Ismael sem ser correspondida.

Quando a acção se inicia as tropas babilónicas já estão às portas da cidade. Os primeiros a chegar ao Templo são um grupo de Soldados disfarçados de hebreus e comandados por Abigaïl que, ao desejo de conquista junta o desejo de vingança. Ao ver Ismael lança-lhe um desafio dizendo que poupará o povo de Judá se ele aceitar o seu amor. Ismael recusa reafirmando o seu amor por Fenena. Nabuccodonosor entra a cavalo no Templo, e, ao vê-lo, o Sumo Sacerdote Zacarias ameaça matar Fenena, filha do Rei da Babilónia, se ele não desistir dos seus intentos. Nabuccodonosor desce do cavalo numa atitude aparentemente conciliatória, mas acaba por ordenar a destruição do Templo.

A 2ª parte da ópera tem o título de O Ímpio que simboliza a intenção blasfema de Nabuccodonosor se auto-proclamar Deus.

A acção desenrola-se na Babilónia para onde numerosos hebreus foram levados na condição de escravos. Nabuccodonosor deixou a cidade entregando o governo à sua filha Fenena. Ruída de inveja Abigaïl põe a saque o palácio acabando por descobrir um documento que prova que ela não é filha do Rei mas sim uma escrava que ele adoptara. O Sumo Sacerdote de Baal vem procurá-la para a informar que Fenena começou a libertar os escravos hebreus. Com o apoio do Sumo Sacerdote, Abigaïl planeia então tomar o poder.

Durante a noite Zacarias, Sumo Sacerdote Hebreu, procura Fenena nos seus aposentos para a converter ao judaísmo. No palácio reúnem-se os levitas na mesma altura em que Ismael se apresenta em busca de perdão: fora ele que impedira Zacarias de matar Fenena quando da invasão do Templo. Zacarias surge com a sua irmã Anna e com Fenena anunciando a conversão da princesa na mesma altura em que chega um mensageiro com a notícia da morte de Nabuccodonosor dizendo que o povo apoia Abigaïl como sua sucessora. Só que a morte do soberano é falsa, e Nabuccodonosor aparece no momento em que Abigaïl se preparava para assumir o Poder. Então o Rei anuncia renunciar ao deus Baal proclamando a sua própria condição divina. Quando Nabuccodonosor ordena que todos se inclinem para o adorar ouve-se um trovão terrível que lhe arranca misteriosamente a coroa. Zacarias exclama que os céus puniram o blasfemo, e diz que o Rei está louco. Aproveitando a confusão Abigaïl apodera-se da coroa dizendo que o povo de Baal não irá perder a sua grandeza.

A terceira parte da ópera denominada A Profecia decorre nos Jardins Suspensos da Babilónia. Abigail é proclamada regente e é instigada a condenar à morte os judeus, mas, antes disso, Nabucco entra atordoado. Abigail explica que está na função de regente porque o rei está impedido de reinar, e entrega-lhe a ordem de execução dos judeus, esperando que ele decrete a morte de Fenena, agora, convertida ao judaísmo. Nabucco assina, mas pergunta sobre o que vai acontecer a Fenena, e Abigail avisa que ela também vai morrer, juntamente com os outros judeus. Nabucco tenta mostrar o documento a Abigail dizendo que ela é uma impostora, mas ela já o tem em mãos e rasga-o em pedaços. Nabucco chama os guardas, mas não é atendido. Sem saída, roga clemencia a Abigail, que permanece irredutível. Enquanto isso, os hebreus descansam do trabalho escravo, diante das margens do Eufrates, e relembram sua pátria perdida. Zacarias anuncia que estarão livres do cativeiro em breve, e que Javé os ajudará a derrotar a Babilónia.

A quarta e última parte designa-se O Ídolo Destruído. Nabucco está nos seus aposentos e ouve gritar por Fenena. Ao olhar para a janela, vê que Fenena está a ser executada. Ao tentar abrir a porta, dá-se conta de que é prisioneiro. Neste momento, Nabucco implora perdão a Javé, rogando-lhe conversão, juntamente com seu povo. Nabucco recupra a razão, entra Abdalo que se certifica de que o rei é novamente ele próprio, e já está com todas as suas faculdades recuperadas.

Os carrascos preparam a execução de Zacarias e de seu povo. Fenena é aclamada como mártir, e na sua última prece, roga a Javé que a receba no céu. Nabucco acaba com a escravidão dos Hebreus e anuncia que ele próprio é um deles. A estátua de Baal é destruída e Abigail suicida-se, implorando a Ismael que se una novamente a Fenena. O povo reconhece o milagre, e direcciona louvores a Javé.


A gravação proposta foi captado ao vivo no Suntory Hall em Tóquio.

Fazem parte do elenco:

Nabucco - Renato Bruson
Ismaele - Fabio Armilato
Zaccaria - Ferruccio Furlanetto
Abigaille - Maria Guleghina
Fenene - Elena Zaremba
Gran Sacerdote - Carlo Striuli
Abdallo - Masatoshi Uehara
Anna - Taemi Kohama

Tokyo Opera Singers e a Tokyo Symphony Orchestra são dirigidos pelo maestro Daniel Oren.

Renato Bruson no papel de barítono tem uma prestação excelente e é um bom exemplo da importância da voz de Barítono na ópera verdiana.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk
Antecedentes e Sinopse: Antena 2

Attila - Giuseppe Verdi

Lançado pela editora Opus Arte em 2004, este DVD contém um récita da ópera Attila de Giuseppe Verdi ocorrida no Teatro alla Scala de Milão em 1991.

O papel principal, Attila, foi escrito por Verdi para a voz de baixo.

Antecedentes e Sinopse

Foi em 1844, o mesmo ano da estreia de Ernani, que Verdi terá conhecido um drama romântico de Zacharias Werner, Attila, Rei dos Hunos, pelo qual se interessou e sobre o qual pensou escrever uma nova ópera. O libretista escolhido foi Solera, que com ele já colaborara em Oberto, Nabucco, I Lombardi e Giovanna d’Arco. Isto passava-se, como dissemos, em 1844. Mas, contrariamente ao habitual, a elaboração da ópera iria levar cerca de 2 anos. Entre outras menores contrariedades, o compositor adoeceu gravemente, e o libretista foi viver para Madrid antes de terminar o libreto. Então Verdi decidiu optar por Piave – que com ele trabalhara em Ernani, precisamente na sua primeira ópera destinada a Veneza. Enquanto Solera já possuía o seu próprio esquema para os seus libretos, Piave era mais flexível, mais aberto e atento às vontades do compositor. Solera já deixara o libreto quase pronto faltando apenas o 3º acto do qual deixara apenas um esboço. Verdi aconselhou Piave a ignorar esse esboço, o que Solera reprovaria.

Attila estreia no Teatro Fenice de Veneza no dia 17 de Março de 1846.

A acção situa-se no ano 452 da Era Cristã, e a ópera inicia-se quando Attila, o flagelo divino, invadiu a Itália e saqueou Aquília. Entre as ruínas fumegantes da cidade os Hunos e os Ostrogodos saqueiam e cantam louvores a Votan e ao rei.

No prólogo, Attila chega triunfante e felicita-os sendo aclamado como o enviado e o profeta de Votan. Desobedecendo a uma ordem de Attila para que não dessem quartel, Uldino, um escravo bretão, poupou a vida a um grupo de mulheres que tinham participado na batalha, e vem oferecê-las ao rei como presas de guerra. Quem lidera essas mulheres é Odabella, filha do Senhor de Aquília, morto às mãos do invasor. Attila manifesta a sua admiração pela coragem com que elas o enfrentaram, ao que Odabella responde dizendo que as mulheres da Itália estão sempre prontas a defender a sua pátria. Impressionado Attila dispõe-se a conceder-lhe o que ela pedir. E Odabella pede-lhe uma espada. Attila entrega-lhe então a sua própria arma que a mulher aceita com entusiasmo fazendo sobre ela de imediato um voto: o de usá-la na sua vingança.

Depois da saída das mulheres Attila manda chamar o enviado de Roma, o general Ezio, a quem respeita como adversário e como soldado. Ezio pede que a audiência seja privada. Diz que o Imperador de Constantinopla está velho e enfraquecido. Valentiniano, que reina a Ocidente, é ainda um adolescente. É por isso que propõe um acordo secreto: Attila poderá conquistar o mundo inteiro desde que ele, Ezio, possa conservar a Itália. Attila recusa essa proposta desleal: um povo tão cobarde precisa ser castigado pelo representante de Votan. Ezio ainda tenta recuar para o seu papel de mensageiro de Roma, mas Attila diz que a cidade será arrasada, ao que Ezio responde desafiando-o.

De madrugada, sobre uma praia deserta do Adriático, desencadeia-se uma tempestade. Quando a tempestade se acalma os ermitas saem das suas cabanas e começam a rezar diante dum altar feito de pedras. O céu torna-se mais claro, e começam a chegar embarcações com refugiados da Aquília conduzidos por Foresto, saudado como o salvador. Mas Foresto está inquieto com o destino de Odabella, a sua noiva, dizendo preferir que ela tivesse morrido do que caído nas mãos dos Hunos. O sol começa a brilhar, e os fugitivos pedem a Foresto que interprete este sinal como uma promessa de esperança. Como resposta Foresto pede aos seus companheiros de infortúnio que construam uma nova cidade naquele preciso local, uma cidade renascida das cinzas, como Fénix.

O 1º acto inicia-se num bosque próximo do acampamento que Attila montou junto de Roma. Odabella chora o seu pai que julga ver nos desenhos das nuvens. Em seguida recorda Foresto, que também pensa ter morrido. Mas Foresto aparece diante da jovem disfarçado de Huno. Louca de alegria Odabella vai lançar-se nos seus braços, no que, para sua surpresa, é repelida. Foresto acusa-a de traição. Ele atravessou perigos inimagináveis para chegar até ela e vê-la sorridente diante do assassino do seu pai. Então Odabella recorda-lhe a história bíblica de Judite e de Holoferne, convencendo-o da sua inocência e da sua determinação em se vingar. Foresto pede-lhe perdão e os dois caem nos braços um do outro.

Próximo dali Attila acorda na sua tenda e conta ao escravo Uldino o sonho aterrador que tivera. Ele vira, diante das portas de Roma, um velho enorme que lhe barrava o caminho gritando: "Até agora a tua missão era castigar os mortais. Retira-te! Este solo é Reino dos Deuses!" Recuperando a calma, e envergonhado dos seus medos, Attila ordena a imediata reunião dos exércitos, e, ao som de trombetas, avançam sobre Roma entoando cantos de louvor a Votan.

Esses cantos acabam por se misturar com outros cantos muito diferentes: é uma procissão cristã, jovens e crianças vestidas de branco que transportam ramos, guiadas pelo Bispo Romano Leone que Attila reconhece como o velho do seu sonho. Aterrado o Rei dos Hunos julga ver diante de si São Pedro e São Paulo empunhando espadas de fogo, e cai prostrado no chão. Os soldados olham-no estupefactos, e os cristãos saúdam o Poder do Deus Eterno.

O 2º acto começa no acampamento romano onde Ezio lê uma ordem do Imperador que o informa de que foi estabelecida uma trégua com os Hunos, e que deve regressar a Roma. Humilhado por ser tratado assim por uma criança mais assustada pelas próprias tropas do que pelos exércitos dos Hunos, Ezio medita amargamente sobre o contraste que existe entre a glória passada e a actual decadência de Roma. Chegam uns escravos de Attila que o vêm convidar para um banquete onde deverão também estar presentes os seus capitães. Um deles, Foresto, deixa-se ficar para trás e pede a Ezio que os seus homens estejam a postos para atacar os Hunos durante a festa mal virem brilhar uma luz sobre as montanhas. Esta notícia deixa Ezio empolgado perante a perspectiva de poder vingar a pátria. Talvez morra durante a batalha mas pelo menos o seu nome ficará para a posteridade como o último dos Romanos.

Segue-se a cena do banquete no acampamento de Attila onde os Hunos aclamam o seu rei. Ouvem-se as trompas que anunciam a chegada dos convidados, e Attila levanta-se para os receber. É então que os druidas lhe segredam que Votan os advertiu para que não se sente à mesma mesa com os seus antigos inimigos. Mas Attila afasta-os com impaciência, e ordena às sacerdotisas que cantem e dancem. Mal elas terminam os seus cantos uma violenta rajada de vento apaga a maior parte dos archotes que iluminavam a mesa do banquete. Na confusão que se segue Ezio volta a apresentar a Attila a sua proposta que é novamente recusada pelo Huno com desprezo.

Foresto revela a Odabella que Uldino irá em breve oferecer a Attila uma taça de vinho envenenado. Isso roubará a Odabella a sua vingança. Assim, quando as tochas voltam a brilhar, e que Attila se prepara para beber em honra de Votan, a jovem interrompe-o avisando-o de que o vinho está envenenado. Furioso Attila quer saber o nome do responsável. Foresto aproxima-se rindo das ameaças de morte, e Odabella pede como recompensa de ter salvo a vida ao rei, que lhe seja entregue a ela o poder sobre a vida de Foresto. Attila aceita, e, como testemunho da sua gratidão, compromete-se a tornar Odabella a sua rainha. Odabella diz a Foresto que fuja, e Foresto jura vingar-se daquele gesto da jovem que interpretou como traição. O acto termina com os Hunos pedindo a Attila que retome o combate contra os pérfidos romanos.

O último acto começa num bosque, de madrugada. Foresto está só à espera que Uldino lhe traga notícia da hora em que terá lugar o casamento de Attila com Odabella. É informado de que o cortejo está já muito próximo, e revolta-se com a ideia de que uma jovem tão bela e tão pura o tenha traído daquela forma. Chega então Ezio dizendo que os seus homens esperam apenas um sinal para atacar os Hunos. Ao longe ouve-se o hino nupcial. Odabella aparece, lavada em lágrimas, implorando ao pai que lhe perdoe por ir casar-se com o seu assassino. Foresto diz-lhe que é tarde de mais para se arrepender, ao que Odabella responde dizendo que foi sempre a ele que ela amou.
Aparece então Attila em busca da sua futura esposa, que encontra com Ezio e Foresto, acusando os três de ingratidão e de traição. Enquanto se ouve o clamor dos romanos no seu ataque aos Hunos, Odabella apunhala Attila. "Até tu, Odabella?" – diz ele. Mas estas últimas palavras do rei são apagadas pelos gritos de triunfo dos romanos que encontraram finalmente a vingança.


Fazem parte do elenco desta gravação:

Attila - Samuel Ramey
Ezio - Giorgio Zancanaro
Odabella - Cheryl Studer
Foresto - Kaludi Kaludov
Uldino - Erneto Gavazzi
Leone - Mario Luperi

A orquestra e coro do Teatro alla Scala de Milão são dirigidos pelo maestro Riccardo Muti.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk
Antecedentes e Sinopse: Antena 2

terça-feira, 27 de maio de 2008

Vincenzo Bellini

Vincenzo Salvatore Carmelo Francesco Bellini, nasceu em Catânia na Sicília (Itália) a 3 de Novembro de 1801. Conjuntamente com Donizetti e Rossini, foi um compositor que marcou o período designado na ópera por Bel canto.

Bellini foi, desde muito jovem considerado uma criança prodígio. Sem confirmação histórica, conta-se que com dezoito meses interpretava uma ária de Valentino Fioravanti, que iniciou os seus estudos musicais apenas com dois anos e estudos de piano aos três anos. Conta-se ainda, que compôs pela primeira vez ao seis anos.

Embora a veracidade destes factos possa ser posta em causa, a verdade é que Bellini desde muito cedo iniciou os seus estudos musicais e que tal facto permitiu que viesse a compor um pequeno conjunto de óperas de grande qualidade e que são, ainda hoje, uma referência.

Premiado com uma bolsa de estudo do Governo de Catânia, Bellini parte aos dezoito anos para Nápoles, onde inicia estudos no Conservatório. Durante esta altura os trabalhos de Mozart e de Haydn foram uma referência para o jovem compositor.

Como era prática comum no Conservatório de Nápoles, os jovens mais promissores apresentavam os seus trabalhos ao público. Foi neste contexto que Bellini estreou a sua primeira ópera Adelson e Salvini no teatro do Conservatório em 1825. Devido ao sucesso deste primeiro trabalho, o compositor foi convidado a escrever uma nova ópera para ser apresentada no Teatro San Carlo de Nápoles. Em 1826 estreia Bianca e Gerando no San Carlo, mais uma vez com enorme sucesso (mais tarde a ópera é revista e estreia em Génova em 1828 como Bianca e Fernando).

A qualidade e aceitação pelo público das duas primeiras óperas de Bellini, originaram um convite
do empresário do Teatro alla Scala de Milão, Barbaia, para um novo trabalho.

Il Pirata (1828), a terceira ópera do compositor, marca o seu sucesso em Milão e o inicio da colaboração com Felice Romani (libretista e poeta), com quem virá a colaborar em todas as óperas seguintes. Para além de Felice Romani, Il Pirata contou na estreia com a participação do tenor Giovanni Battista Rubini que interpretou a personagem de Gualtiero. A voz de Rubini viria a servir mais tarde de inspiração para vários papeis para tenor nas óperas de Bellini.

Entre 1827 e 1833, Bellini permanece em Milão onde estreia a ópera La Straniera (1828), cujo sucesso foi ainda maior que o de Il Pirata. Durante este período compõe e estreia as óperas Zaira (Parma 1829) e I Capuletti e i Montecchi (Veneza 1830) baseada na peça Romeu e Julieta de William Shakespeare. Zaira não teve muito sucesso, mas I Capuletti e i Montecchi foi muito bem aceite em Veneza.

As três óperas mais famosas de Bellini são La Sonnambula (Milão 1831), Norma (Milão 1831) e I Puritani (Paris 1835).

A ópera Beatrice di Tenda, estreada em Veneza no ano de 1833 não teve tanto sucesso. E mesmo nos dias de hoje não é muito apresentada nos teatros líricos.

Depois da estreia da sua décima ópera, I Puritani, o compositor morre prematuramente em Paris a 23 de Setembro de 1835, com apenas 33 anos de idade.

A linha melódica de uma beleza inigualável aliada a passagens rápidas de coloratura, de que a ária Casta Diva da ópera Norma é um exemplo, são uma marca que Bellini deixou e que o destingue de outros compositores seus contemporâneos como Donizetti e Rossini.


Alberto Velez Grilo

Foto: archive.operainfo.org

Norma - Vincenzo Bellini

Antecedentes e Sinopse

A ópera Norma de Vincenzo Bellini teve a sua estreia no Teatro alla Scala de Milão em Dezembro de 1831 constituindo, essa primeira apresentação, uma decepção para Bellini que esperava que ela fosse recebida com um entusiasmo igual ao das óperas que apresentara anteriormente naquele mesmo teatro. No entanto, nos espectáculos que se seguiram o interesse do público foi crescente acabando por transformar num triunfo aquilo que parecera um fracasso sem futuro.

Um ano antes, na Primavera de 1830, ao ser convidado pelo empresário do Scala para escrever duas óperas para serem apresentadas no Outono desse ano e no Carnaval do ano seguinte, Bellini escolheu uma tragédia dum dramaturgo francês, Alexandre Soumet, que estava a obter um enorme sucesso em Paris no Teatro Odeon. O libretista foi Felice Romani, e o papel principal destinava-se à grande Giuditta Pasta (soprano), considerada a maior cantora do seu tempo. O papel de Norma é, de facto, um dos mais difíceis de toda a história da ópera, e não apenas da ópera italiana.

A acção de Norma passa-se na Gáulia durante a ocupação romana, cerca de 50 anos antes de Cristo.

No primeiro acto, os Druidas esperam a chegada de Norma, a Sacerdotisa, que lhes irá dar o sinal para se revoltarem contra os ocupantes. Norma mantém uma ligação secreta com Pollione, um romano, do qual tem dois filhos. Norma não sabe, mas Polione ama agora outra mulher, Adalgisa, uma jovem sacerdotisa. Os Druidas transmitem a Norma a decisão que tomaram: quando ela der o sinal, eles matarão os ocupantes, começando por Pollione. Norma diz aceitar essa decisão mas, quando fica só, declara o seu amor pelo romano.

O segundo quadro passa-se junto da casa de Norma que esconde os filhos ao ouvir alguém aproximar-se. É Adalgisa que lhe vem pedir para a libertar dos seus votos, confessando estar possuída por um amor proibido. Norma cede ao pedido de Adalgisa, e pergunta que amor é esse que a leva a tomar uma tal decisão. Adalgisa diz que é um romano que pretende levá-la consigo para Roma, e aponta Pollione que acaba de chegar para visitar os filhos. Ao compreender o que se passa, Norma revela o seu terrível segredo dizendo que também ela fora seduzida por aquele homem, e expulsa Pollione dizendo-lhe para partir sozinho para Roma.

O 2º acto inicia-se quando a Sacerdotisa, num acesso de raiva, tenta, em vão, arranjar coragem para matar os próprios filhos. Acaba por pedir auxílio a Adalgisa dizendo-lhe para partir para Roma com Pollione levando com ela as crianças nascidas da sua ligação com o oficial romano. Adalgisa aceita. Entretanto os Druidas reúnem-se e decidem pôr os seus planos em execução sem demoras antes que Pollione parta, já que dizem que o Consul que o vem substituir é ainda mais cruel. Do campo romano chegam notícias que dizem que Polione está prestes a partir pretendendo levar consigo Adalgisa contra sua vontade, mas recusando-se a levar os filhos de Norma.
A Sacerdotisa revolta-se e diz aos Druidas ter chegado a hora de agir. Pollione é preso, mas, quando o Chefe dos Druidas se prepara para o matar, Norma intervém dizendo que ela mesma o fará. Quando fica a sós com Pollione, Norma pretende libertá-lo, desde que ele prometa partir sem Adalgisa. Pollione recusa. Então Norma regressa ao Templo e confessa a sua traição e a sua culpa, dizendo dever ser sacrificada. A ópera termina com a morte de Norma e de Pollione que decide acompanhá-la no sacrifício.



Lançado pela editora Decca em 2002, esta gravação de estúdio de Norma constitui uma referência. No papel de Norma, Joan Sutherland, uma das maiores interpretes de sempre desta ópera. Para além de Sutherland, Maria Callas, Montserrat Caballé e, porventura, de Edita Gruberová constituem referências nesta ópera.

Nesta versão de estúdio, gravada em 1964, contamos como uma Sutherland no topo da sua forma. De notar que Norma é uma das óperas mais difíceis para soprano.

Acompanha Sutherland o Mezzo-soprano Marilyn Horne. As interpretações de Norma por parte desta "dupla" de cantoras ficaram na história.

Fazem parte do Elenco:

Norma - Joan Sutherland
Pollione - John Alexander
Adalgisa - Marilyn Horne
Oroveso - Richard Cross
Clotilde - Yvonne Minton
Flavio - Joseph Ward

O coro e orquestra Sinfónica de Londres dirigidos pelo Maestro Richard Bonynge.

Lançado pela Arthaus Musik, este DVD da Norma de Bellini foi captado na ópera de Sidney em Agosto de 1978.

Constituem o elenco:

Norma - Joan Sutherland
Pollinone - Ronald Stevens
Oroveso - Clifford Grant
Flavio - Trevor Brown
Adalgisa - Margreta Elkins
Clotilde - Etela Piha

The Australian Opera Chorus e a Elizabethan Sidney Orchestra são dirigidos pelo Maestro Richard Bonynge.


Alberto Velez Grilo

Fotos: www.amazon.co.uk
Antecedente e Sinopse: Antena 2

terça-feira, 20 de maio de 2008

Bobby McFerrin

Bobby MacFerrin nasceu em Madeley, Inglaterra, a 11 de Março de 1950. Em criança passou a viver em Nova Iorque e, por isso, é muitas vezes identificado como americano. O pai de Bobby McFerrin, Robert McFerrin, foi um famoso barítono e foi o primeiro afro-americano a cantar regularmente no Metropolitan Opera.

Bobby McFerrin é conhecido por ser detentor de uma voz fora do que considerado comum. Com uma extensão de 4 oitavas, McFerrin alterna muitas vezes a sua voz de peito com o falsete transmitindo um sensação de polifonia, isto é, o músico perece conseguir cantar duas notas diferentes ao mesmo tempo.

Outra característica interessante é que muitas vezes se apresenta em palco sem qualquer instrumento musical para acompanhamento, interpretando os seus temas à capela. Utiliza também batimentos no peito para complemento à sua voz.

Para além destes concertos a solo, Bobby McFerrin é, desde 1990, regularmente convidado para dirigir orquestra sinfónicas em digressões pelos Estados Unidos e Canadá, nomeadamente a Orquestra Sinfónica de São Francisco, a Filarmónica de Nova Iorque, a Sinfónica de Chicago, a Filarmónica de Los Angeles e Filarmónica de Londres, entre outras.

Mesmo nos concertos com estas orquestras, McFerrin não deixa de utilizar a sua capacidade de improviso, interpretando vocalmente as partituras de alguns instrumentos. Os seu concertos terminam usualmente com a abertura da ópera Guilherme Tell de Rossini com os instrumentistas a interpretarem vocalmente as partituras de cada instrumento.

McFerrin ganhou durante a sua carreira 8 Grammys.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.bobbymcferrin.com

Paper Music - Bobby McFerrin

O álbum Paper Music foi lançado pela editora Sony Classic em 1995. Embora já com algum tempo, o CD ainda é relativamente fácil de obter nas lojas da especialidade ou nas lojas on-line.

Neste trabalho estão evidenciadas duas facetas de Bobby McFerrin, a regência de orquestra e a voz.

McFerrin dirige a Saint Paul Chamber Orchestra, interpretando temas de Mozart, Boccherini, Fauré, Stravinsky, Vivaldi, Mendelssohn, Bach e Tchaikovsky.

Alguns dos temas contêm arranjos de McFerrin que interpreta vocalmente as partituras de alguns instrumentos.

Com estas duas variantes, este trabalho demonstra a capacidade vocal e de regência de McFerrin.

Fazem parte do CD:

Overture of The Marriage of Fígaro - W.A. Mozart
Minuet from String Quintet Nº 1 - L. Boccherini (voz e arranjos: Bobby McFerrin)
Pavane - G. Fauré (Voz: Bobby McFerrin)
Minuetto & Finale from Pulcinella Suite - I. Stravinsky
Concerto in G (Sol) minor for 2 Cellos Strings and Continuo - A. Vivaldi (voz: Bobby McFerrin)
Scherzo from A Midsummer Night's Dream - F. Mendelssohn
First Movement from Concerto for Violin, Strings and Continuo - J.S. Bach (Voz: Bobby McFerrin)
Eine Kleine Nachtmusik - W. A. Mozart
Andante Catabile for Cello and String Orchestra - P.I. Tchaicovsky (Voz: Bobby McFerrin)


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

Bobby McFerrin Live in Montreal

O DVD Live In Montreal com Bobby McFerrin foi gravado no Festival de Jazz de Montreal (Canadá) em 2003.

Sozinho em palco e sem qualquer acompanhamento, este concerto lançado em DVD em 2005 é um excelente exemplo das capacidades vocais de Bobby McFerrin.

Com os seus improvisos vocais, o cantor conquista o exigente público da primeira à última das suas interpretações.

Embora, este seja um concerto essencialmente a solo, Bobby McFerrin contou naquela noite com alguns convidados surpresa. Surpresa para o público e surpresa para o próprio. A sua capacidade de improviso é amplamente posta à prova quando os convidados são uma trapezista, uma violoncelista, um guitarrista, um coro polifónico e um bailarino de sapateado.

Para além destas surpresas, o cantor interage com o público e "força" a sua participação no espectáculo. Um momento alto do concerto foi a interpretação da famosa Ave Maria de Bach/Gounod em que McFerrin interpreta a partitura de Bach (primeiro prelúdio) enquanto o publico interpreta a partitura que Gounod escreveu "em cima" do prelúdio.

Fazem parte do DVD os seguintes temas:

Little Red Book - Improviso
Improvisation with the people on stage - Improviso
Improvisation with Êvelyne Lamontagne on the trapeze (extracts from the opera Carmen) - Improviso
Improvisation with the audience - Improviso
Improvisation with Jorane: Riopel - Improviso
Improvisation: Gonna move - Improviso
The Jump
Drive Ave Maria
Dina Lam - with Richard Bona
Improvisation with Richard Bona - Improviso
Country stuff - Improviso
Baby
Improvisation with Tamango: Well you needn't - Improviso
Bwee do
With Le grand Coeur de Monreal: It's a wonderful world
Circlesong one
Somewere over the rainbow
The wizard of Oz Medely Melody from sun concert 5
Sings walking of stage


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marilyn Horne

Marilyn Horne nasceu nos Estados Unidos da América em Bradford (Pennsylvania) a 16 de Janeiro de 1934. Desde muito cedo na sua vida foi influenciada pelo pai a prosseguir o seu sonho de se tornar cantora de ópera. Aliás, o pai, até morrer, teve sempre um papel bastante importante na carreira da cantora.

Aos treze anos, depois da família se ter mudado para Long Beach na Califónia, integra o Los Angeles Concert Youth Chorus, onde sempre teve um papel de destaque como Soprano.

Mais tarde estuda canto com William Vennard na University of Southern California em Los Angeles onde assiste também às Master Classes de Lotte Lehmann.

Embora tenha iniciado os seus estudos como Soprano, cedo os seus professores compreenderam que as suas características vocais se adequavam mais a um registo de Mezzo-soprano.

Embora, caracterizada como Mezzo-soprano, isto é, uma voz mais encorpada nos registos médio e grave que a do Soprano, mas com um registo agudo praticamente igual, a voz de Marilyn Horne é bastante mais que isso. O seu registo grave, bastante poderoso, leva-nos muita vezes a pensar a sua voz como Contralto, a voz feminina de registo mais grave. Outra característica importante da voz da cantora é a sua agilidade em qualquer dos registos. A voz, com uma extensão rara de mais de três oitavas, é capaz de executar passagens extremamente rápidas, ou seja, Marilyn Horne deve ser considerada um Mezzo-soprano de Coloratura, mas com uma potência muito apreciável, característica rara na maioria deste tipo de Mezzo-sopranos.

A cantora debutou na ópera aos vinte anos de idade (1954) no papel de Hata na ópera The Bartered Bride de Smetana na ópera de Los Angeles. Ainda nesse ano deu voz a Carmen de Bizet em versão de filme, papel que foi interpretado pela actriz Carmen Jones.

Depois da morte de seu pai, em 1957, Marilyn Horne parte para a alemanha, onde assina contrato com a companhia de ópera de Gelsenkirchen e onde se mantém durante 3 anos, interpretando papeis de soprano nomeadamente, Mimi (La Bohème - Puccini), Guilietta (Tales of Hoffmann - Offenbach) e Amélia (Simon Boccanegra - Verdi). Destaca-se nesta altura a sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck do compositor austríaco Alban Berg. Os aplausos dos críticos a esta interpretação (que a cantora nem queria fazer), valeram-lhe o regresso aos Estados Unidos a convite da ópera de S. Francisco. A cantora deixa a Alemanha em 1960.

A sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck é amplamente aclamada pelo público e pela crítica nos Estados Unidos e Marilyn Horne passa a ser conhecida internacionalmente.

Em 1961, a cantora aparece pela primeira vez acompanhada pelo soprano Joan Sutherland, com quem viria durante a sua carreira a interpretar inúmeras óperas. Aliás, Joan Sutherland e Marilyn Horne ficarão para a história como duas das vozes que mais se completam. No ano de 1961 Horne interpreta a personagem de Agnese (Mezzo-soprano) da ópera Beatrice di Tenda de Bellini com Joan Sutherland como Beatrice.

Depois do êxito no papeis de Marie e Agnese, a cantora estreia-se nos mais importantes palcos operáticos do mundo. Salientam-se as suas interpretações com Joan Sutherland nas óperas Norma e Semiramide de Bellini e Rossini, respectivamente.

A cantora é por muito críticos considerada a melhor interprete dos papeis de Rossini para Mezzo-soprano, com destaque para Rosina do Barbeiro de Sevilha, Falliero da ópera Bianca e Falliero (papel para contralto), Isabella de L'italiana In Algeri, Arsace da ópera Semiramide, Tancredi da ópera homónima e Angelina de La Cenerentola.

Importa também referir a interpretação de Rinaldo personagem da ópera homónima de Handel, que a cantora interpretou no Metropolitan de Nova Iorque e que nunca aí tinha sido interpretada neste palco operático.

Marilyn Horne retirou-se dos palcos em 1999 com um recital no Chicago Symphony Center. Tem hoje uma fundação com o seu nome que ajuda a preservar a arte dos recitais vocais e que se dedica também ao ensino.

A cantora ficará na história como um dos melhores Mezzo-sopranos de sempre.


Alberto Velez Grilo

Foto:www.deccaclassics.com

The Spectacular Voice of Marilyn Horne

The Spectacular Voice of Marilyn Horne foi lançado pela Decca em 1998 com reedição posterior integrada no conjunto de 11 CD's intitulado Marilyn Horne - The Complete Decca Records em Março de 2008.

As capacidades vocais da cantora para interpretação de várias árias de Rossini para Mezzo-soprano e Contralto são claramente evidenciadas neste álbum. A agilidade e potência vocais com que Marilyn Horne interpreta Rossini fazem deste trabalho uma obra essencial para os apreciadores do Bel canto iltaliano.

Fazem parte do CD os seguintes temas:

Bel raggio lusinghier - Semiramide
Cruda Sorte! - L'italiana in Algeri
Di tanti palpiti - Tancredi
Nacqui all'affanno...Non più mesta - La Cenerentola
Mura felici - La donna del lago
Tanti affetti - La dona del lago
L'ora fatal s'apressa... Guisto ciel! - L'assedio di Corinto
Avanziam... Non temer, d'un basso affetto... I destini tradir ogni speme!... Signor, che tutto puoi... Sei tu che stendi, o dio - Lássedio di Corinto

Embora com edição de 1998, ainda é relativamente fácil encontrar este álbum nas discotecas ou em lojas on-line.

Para uma visão geral da carreira de Horne, o conjunto de 11 CD's The Complete Decca Records é uma referência.



Alberto Velez Grilo

Foto:www.amazon.co.uk

L'italiana in Algeri - Marilyn Horne

Lançado pela Deutsche Grammophon no final de 2006 este duplo DVD apresenta-nos um récita da ópera L'italiana in Algeri ocorrida no Metropolitan de Nova Iorque a 11 de Janeiro de 1986.

L'italiana in Algeri é uma ópera cómica de Gioachino Rossini com libretto italiano em dois actos de Angelo Anelli e estreada no ano de 1813 no Teatro de San Benedetto de Veneza.

Espontânea e desenvolta, a comédia distingue-se pelo argumento delirante, no qual sobressai a agilidade das peripécias e o hábil desenho das personagens, enquadrados por um ambiente oriental.

Sinopse

Elvira, mulher de Mustafà, Rei de Argélia, confidencia tristemente à sua escrava Zulma que o marido já não a ama. Quando Mustafà entra, acompanhado por Haly, capitão dos corsários, Elvira tenta falar-lhe, mas o Rei ordena-lhe que se retire para os seus aposentos com Zulma e os eunucos. Para se ver livre dela, resolve dá-la em casamento ao seu escravo italiano, Lindoro, sem atender às razões de Haly, acaba por ordenar a este que lhe arranje uma italiana, daquelas que tanto arreliam os seus apaixonados, farto que estava de mulheres dóceis e modestas. Concede-lhe seis dias para o conseguir ou espera-o a morte.

Lindoro, que recorda Isabella, a sua noiva que ficara em Itália, não se sente nada entusiasmado com a proposta de Mustafà e tenta escapar à vontade de Rei, mas este, entre lisonjas e ameaças, obriga-o a segui-lo para admirar a mulher que decidira dar-lhe por esposa.

Entretanto, um navio italiano naufraga na costa e Haly acorre para o pilhar e fazer prisioneiros. Entre estes encontram-se Isabella, vinda por mar à procura de Lindoro, e Taddeo, que a acompanha como seu admirador e que ela, para o salvar da morte, faz passar por seu tio. Haly anuncia à bela italiana que será apresentada ao Rei e que se tornará a rainha do seu harém. Taddeo fica horrorizado, mas Isabella assegura-lhe que com a sua astúcia feminina e desenvoltura saberá fazer frente àquele terrível Mustafà.

Numa sala do palácio, o Rei informa Lindoro que um navio veneziano acaba de pagar o seu resgate e que se o jovem deseja voltar à pátria, se apresse a levar Elvira e que, além disso, dar-lhe-à tanto ouro que ficará riquíssimo. Com notícia que lhe traz Haly que entre os prisioneiros do navio naufragado se encontra uma formosíssima italiana, Mustafà, radiante, afasta-se com o seu séquito para ir recebê-la dignamente, enquanto Lindoro procura convencer Elvira a esquecer o marido ingrato e a segui-lo para Itália, onde poderá ter os amantes que quiser.

Isabella é apresentada a Mustafà, que de imediato se apaixona. Ela finge corresponder a fim de tirar as maiores vantagens da situação. Entretanto entram Lindoro e Elvira, para se despedirem do Rei. O encontro imprevisto faz inflamar ainda mais o coração dos dois jovens. Mas Isabella não perde a cabeça e, ao saber por Mustafà que a sua ex-mulher e o seu escravo vão partir para Itália, simula uma grande indignação. Se Mustafà quer ter uma atitude digna, que fique com Elvira e que ponha o escravo Lindoro ao seu serviço. Mustafà, fascinado por Isabella, cede à sua vontade provocando o espanto geral.

Elvira, Zulma, Haly e um grupo de eunucos comentam a condescendência de Mustafà e a esperteza de Isabella, que poderá ser útil à causa de Elvira. Mustafà, entrando a seguir, afirma que saberá conquistar a bela italiana, excitando a sua ambição. Na sala deserta, encontram-se Isabella e Lindoro, o qual assegura à sua bem amada que nunca tencionara atraiçoá-la e que a projectada viagem a Itália com Elvira era apenas um estratagema para poder voltar para junto dela.

Isabella arquitecta então um plano com Lindoro para abandonarem a Argélia e fugirem juntos no mesmo barco para Veneza. saem os dois e entra Mustafà que, cada vez mais apaixonado por Isabella, decide atribuir a Taddeo, que naturalmente julga seu tio, o título de Kaimakan. Em troca, este deverá ajudá-lo a conquistar Isabella. Tadeo, obrigado a escolher entre a tortura e a tarefa humilhante de fazer de alcoviteiro, aceita o título prestigioso, respeitado por todos.

Num maravilhoso aposento junto ao mar, Isabella veste-se à turca. Conversando com Elvira, ensina-lhe a maneira mais conveniente para conservar um marido. É necessário dominar os homens e não ser dominada. Mustafà, à parte, ordena a Lindoro que conduza Isabella à sua presença e Taddeo que lhe faça companhia e se retire assim que ele fizer sinal, espirrando. Isabella entra, murmurando palavras ternas a Mustafà, que espirra várias vezes, mas Taddeo finge não ouvir. Então Isabella, divertida com a situação, manda servir o café em três chávenas, uma das quais destinada a Elvira. Mustafà mostra-se muito aborrecido com a presença de Elvira, mas Isabella recorda-lhe a sua promessa de ser gentil com a esposa e o Rei, obrigado a condescender para não irritar a bela e prepotente italiana, começa a suspeitar que está ser alvo de troça.

Enquanto Haly louva a inteligência e a astúcia das mulheres italianas, Lindoro e Taddeo (que não descobriu ainda que o escravo é o noivo de Isabella) asseguram a Mustafà que Isabella está apaixonadíssima por ele e que o quer nomear, com grande pompa e solenidade, o seu Pappataci (Come e cala). O Rei fica muito lisonjeado, mesmo sem saber o que significa aquele título. Os dois explicam-lhe que se trata de um título muito considerado em Itália reservado aos conquistadores irresistíveis. Um verdadeiro Pappataci deve pensar somente em comer, beber, dormir e divertir-se.

Isabella, que obteve do Rei os escravos italianos para preparar a cerimónia, disfarça alguns de Pappataci. Encarrega outros de se manterem no barco prontos para a fuga e informa todos da partida que pretende pregar a Mustafà. Taddeo ajuda-a, convencido naturalmente de que ela deseja enganar Mustafà por amor dele.

Inicia-se a cerimónia. Mustafà, vestindo solenemente de Pappataci e lisonjeado por se encontrar no meio de tantos italianos com o mesmo título, promete observar escrupulosamente o regulamento da ordem. Deve jurar não ver, não ouvir e não se intrometer, comer e gozar apenas. Fingem depois pô-lo à prova. Isabella e Lindoro trocam frases amorosas e ele, obedecendo às ordens, continua a comer sem se preocupar com o que acontece. Quando um navio acosta ao palácio, Lindoro, Isabella e os escravos italianos entram nele à pressa, enquanto Taddeo apercebendo-se finalmente que Lindoro é o noivo da mulher que serviu com tanta devoção, procura despertar Mustafà para que ele impeça a fuga dos dois apaixonados. Mas Mustafà mantém-se fiel ao juramento dos Pappataci. De novo, Taddeo tem de escolher entre a tortura de ficar, e a humilhação de auxiliar os objectivos de Lindoro e Isabella; escolhe a humilhação e embarca com os outros.

Acorrem entretanto Elvira, Zulmira e Haly com os eunucos completamente embriagados (obra também de Isabella), aos quais Mustafà, dando-se conta de que foi enganado, ordena inutilmente que prendam os fugitivos, que se afastam já no barco. "Mulheres italianas nunca mais!", afirma Mustafá, resignado. Pedindo perdão, volta para junto da sua dócil esposa Elvira.

Elenco

Mustafà - Paolo Montarsolo
Elvira - Myra Merrit
Zulma - Diane Kesling
Haly - Spiro Malas
Lindoro - Douglas Ahlstedt
Usabella - Marilyn Horne
Taddeo - Allan Monk

Coro e Orquestra do Metropolitan sob a direcção de James Levine.

Marylin Horne conquista mais uma vez o publico do Metropolitan com a sua interpretação de Isabella. Aliás Horne apresentava-se no Met regularmente nesta ópera, aliás das 46 vezes que a ópera tinha sido levado à cena, Horne foi a protagonista de 36.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.amazon.co.uk/
Sinopse baseada em texto do blogue guiadosteatros.blogspot.com

terça-feira, 6 de maio de 2008

Tom Jobim

António Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nasceu no Rio de Janeiro a 25 de Janeiro de 1927 e é considerado um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos criadores do movimento ou estilo Bossa Nova.

O trabalho de Tom Jobim destaca-se não só na composição, mas também nas suas actividades como maestro, pianista, cantor e guitarrista.

Pensou em trabalhar como arquiteto e chegou exercer esta actividade, mas cedo abandonou a arquitectura e começou a tocar em bares do Rio de Janeiro como pianista. Em 1952 foi contratado pela editora discográfica Continental como arranjador. É por volta desta altura que surgem as suas primeiras composições. O primeiro tema gravado foi Incerteza com letra de Newton Mendonça e voz de Mauricy Moura. O primeiro grande sucesso seria Tereza na Praia com Lúcio Alves e Dick Farney.

Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada inumeras vezes.

Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da Bossa Nova. O álbum Canção do Amor Demais de 1958 em parceria com Vinícius de Moraes, e interpretações de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo "violão" de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da Bossa Nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da Bossa Nova como estilo musical veio logo em seguida com o "single" Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direcção musical de Tom Jobim.

O músico foi em 1962 um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova Iorque, iniciando desta forma a sua carreira internacional. No ano seguinte compôs, com Vinícius de Moraes, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no foram do Brasil: Garota de Ipanema. Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de "clássicos" produzidos por Jobim é impressionante: Samba do Avião, Só Danço Samba (com Vinícius de Moraes), Ela é Carioca (com Vinícius de Moraes), O Morro Não Tem Vez, Inútil Paisagem (com Aloysio), Vivo Sonhando, entre outros.

O sucesso fora do Brasil fê-lo voltar aos Estados Unidos em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O álbum Francis Albert Sinatra e António Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom Jobim (The Girl From Ipanema, How Insensitive, Dindi, Quiet Night of Quiet Stars) e composições americanas, como I Concentrate On You, de Cole Porter.

Ainda no fim dos anos 60, depois de lançar o álbum Wave, participou em vários festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção Rede Globo, com o tema Sabiá, em parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.

Aprofundando os seus estudos musicais e nomeadamente com inspiração em compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim continuou a gravar e compor temas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto das suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de Matita Perê e Urubu, lançados na década de 70, que marcam a aliança entre a sofisticação harmónica de Tom e sua qualidade de letrista. São desses dois discos os temas Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto e Ângela.

Depois de lançar o seu último álbum (de mais de 50), Antônio Brasileiro, Tom Jobim, morre no Estados Unidos em Dezembro de 1994.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.Wikipedia.com/
Texto baseado em artigos da Wikipedia e conteúdos de sites de referência

Maestro Soberano Tom Jobim

Lançado pelas editoras Do Brasil e Discmedi no ínicio de 2008, este conjunto de três DVD's constitui um retrospectiva do trabalho do compositor, cantor e pianista (entre outras actividades ligadas ao meio musical) Tom Jobim.

Com o título genérico Maestro Soberano Tom Jobim, os vários trabalhos são agrupados em três DVD's com os nomes Ela é Carioca, Chega de Saudade e Águas de Março.

Para além de inúmeros temas interpretados pelo próprio Jobim e pelos maiores nomes da música Brasileira, fazem também parte dos DVD's entrevistas com várias personalidades ligadas à música Brasileira.

Participam entre outros:

Caetano Veloso
Chico Buarque
Gal Costa
Gilberto Gil
Milton Nascimento
Vinícius de Moraes
Ana Lontra Jobim
Paulinho da Viola
Edu Lobo
Ellis Regina

Para os apreciadores de Bossa Nova e MPB, esta é uma obra de referência do que é talvez o maior ícone de sempre destes estilos.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.fnac.com/


terça-feira, 22 de abril de 2008

Giuseppe Verdi

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi nasceu em 1813 em Le Roncole perto de Busseto, na Itália (naquela altura ocupada pelo império francês).

As primeiras aulas de composição surgiram muito cedo na vida de Verdi, cuja família se tinha mudado para Busseto logo a seguir ao seu nascimento. Aos vinte anos parte para Milão para continuar os seus estudos. Nesta altura estuda contraponto e assiste regularmente a óperas e concertos, que lhe serviram de inspiração para os seus trabalhos futuros como compositor.

De regresso a Busseto, Verdi faz a sua estreia como compositor no ano de 1830 na casa de um grande amigo seu, que inclusivamente lhe tinha financiado os estudos em Milão, Antonio Barezzi. Por esta altura Verdi começa a dar aulas de música à filha de Barezzi, Margherita, com quem vem a casar em 1836.

A carreira do compositor na ópera inicia-se em 1839 com a estreia de Oberto, que recebeu as melhores critica no Teatro alla Scala de Milão.

Quando Verdi trabalhava na que seria a sua segunda ópera, Un Giorno di Regno, dá-se o falecimento dos seus filhos seguido do falecimento de sua mulher. O compositor fica naturalmente devastado e a ópera, que estreia em Milão em 1840, revela-se um fracasso. Tal facto leva Verdi a pensar em deixar a composição. Felizmente tal não acontece, por influência do então director do Teatro alla Scala, Bartolomeo Merelli, que entusiasma Verdi a escrever a ópera Nabucco. Nabucco estreia em 1842 e revela-se um enorme sucesso. O famoso coro dos escravos hebreus "Va pensiero" ficará para sempre como um marco importante na carreia do compositor e ainda hoje é das peças para coro mais interpretadas e mais conhecidas do público.

Depois de Nabucco, Verdi compõe várias óperas que o ajudam a afirmar-se como compositor na Europa. Destaca-se deste período a ópera Macbeth com libretto de Francesco Maria Piave, baseado na peça homónima de Shakespeare e que, para muitos, será a ópera mais original de Verdi por romper com a tradição das histórias de amor comuns na Itália do século XIX.

A carreira de Verdi consolida-se com a trilogia Rigoletto, estreada em Veneza em 1851, Il Trovatore, Roma em 1853 e La Traviata de novo em Veneza em 1853. Estas três óperas são talvez as mais apresentadas de sempre nos palcos e confirmam os dotes dramaturgos do compositor. O aprofundamento psicológico das personagens assume maior relevo e originalidade e a linguagem musical revela-se inteiramente capaz de recriar agitadíssimas e complexas situações dramáticas.

Segue-se em 1855 a estreia da ópera Les Vêsperes Siciliennes que marca o inicio da Verdi na Grande Ópera francesa.

Outra ópera marcante na carreia de Verdi é Aida. Associada muitas vezes à inauguração da Khedivial Opera House no Cairo inserida nas comemorações da abertura do Canal Suez, Aida, estreia no Cairo em 1871, mas depois da inauguração (pala a qual foi utilizada a ópera Rigoletto).

Depois de experiências isoladas fora da ópera, nomeadamente com o Quarteto em Mi Menor em 1873 a Missa de Requiem em 1874, Verdi iniciou um longo período de silêncio que durou até 1881, ano em que remodelou a ópera Simon Boccanegra de 1857, conjuntamente com o librettista Arrigo Boito.

Ainda com colaboração de Boito, Verdi escreve as suas duas última óperas, Otello, baseada na peça homónima de Shakespeare e Falstaff, baseado na peça The Wives of Windsor também de Shakespeare.

A comicidade de Falstaff representou o adeus de Verdi aos teatros de ópera. O compositor morre em Milão a 27 de Janeiro de 1901.


Alberto Velez Grilo

Foto: Wikipedia
Texto baseado em artigos da Wikipedia e na História da Música Clássica de Guido Boffi

La Traviata - Giuseppe Verdi

La Traviata é uma ópera em três actos de Giuseppe Verdi com libretto de Francesco Maria Paive baseada no romance de Alexandre Dumas filho, A Dama das Camélias.

Estreada em Veneza em 1853, La Traviata é uma das óperas mais importantes de Verdi e uma das mais apresentadas nos palcos operáticos.

A acção decorre em Paris no século XVIII e tem como protagonista principal Violeta Valery uma cortesã famosa que acaba por se apaixonar por Alfredo Germont.

A ópera inicia-se numa noite de festa na casa de Violetta Valéry. Violetta, prometida ao Barão Douphol, é apresentada por seu amigo Gastone de Letorières a Alfredo Germont. Gastone conta que ele já conhecia Violetta há algum tempo e a amava em segredo. Alfredo, então, ergue um brinde a Violetta e faz-lhe uma declaração de amor.

Violetta responde a Alfredo que, sendo uma mulher mundana, não sabe amar e que só lhe poderia oferecer a amizade, devendo Alfredo procurar outra mulher. Mas ainda assim, entrega-lhe uma camélia e pede-lhe que volte no dia seguinte. Após o fim da festa, Violetta permanece só e começa a dar-se conta do quão profundamente lhe tocaram as palavras de Alfredo, um amor que ela jamais conheceu anteriormente.

Violetta e Alfredo iniciam um relacionamento amoroso e vão morar numa casa de campo, nos arredores de Paris. Aninna, a criada de Violetta, conta a Alfredo que Violetta tem ido constantemente a Paris vender seus bens, para custear as despesas da casa de campo.

Giorgio Germont, pai de Alfredo, visita Violetta e suplica-lhe que o abandone para sempre. Conta-lhe sobre a sua família e especialmente a sua filha, na Provença, e acredita que ver Alfredo envolvido com uma mulher mundana destruiria sua reputação.

Contrariada, Violetta cede aà súplicas de Giorgio e parte para uma festa na casa de sua amiga Flora Bervoix deixando uma carta a Alfredo. Alfredo lê a carta. Desconfiado de que Violetta possa tê-lo traído, segue-a até à casa de Flora, para se vingar.

A festa tem início com um grupo de mascarados que proporcionam um divertimento aos convidados. Violetta chega à festa acompanhada do Barão Douphol e Alfredo surge logo em seguida. Alfredo começa a jogar com o Barão e ganha. No momento em que o jantar é servido, Violetta e Alfredo permanecem a sós no salão e Alfredo força-a a confessar a verdade. Violetta, mentindo, diz amar o barão. Furioso, Alfredo convoca todos para o salão, atira à cara de Violetta todo o dinheiro conseguido no jogo e desafia Douphol para um duelo. Violetta desmaia, Alfredo é reprimido por todos e a festa termina.

Violetta está doente e empobrecida, depois de se desfazer de todos os bens. Tomada pela tuberculose, recebe cartas de vários amigos e uma, em especial, chama-lhe a atenção. É de Giorgio Germont, arrependido por te-la colocado contra Alfredo.

Giorgio e Alfredo visitam Violetta, e todos se reconciliam. Violetta e Alfredo começam a fazer planos para a sua vida em conjunto, depois de Violetta se recuperar. Entretanto, Violetta está muito debilitada fisicamente. Entrega a Alfredo um retrato seu e avisa-o para que o entregue à próxima mulher por quem ele se apaixonar. Violetta sente os espasmos da dor cessarem, mas em seguida morre.


Sugestões em CD e DVD

Lançado pela Decca em 1991 e já com reedições posteriores, esta é uma Traviata de referência por conter no elenco dois dos seus melhores interpretes: Joan Sutherland e Luciano Pavarotti.

Como curiosidade, Joan Sutherland actuou uma única vez (três récitas) em Portugal, precisamente em La Traviata. Ainda mais curiosas são as datas destas récitas, 18, 21 e 24 de Abril de 1974, ou seja, La Stupenda, como lhe chamam os seu admiradores, actuou em Lisboa na noite da revolução. Acompanhou Sutherland o tenor espanhol Alfredo Kraus que se apresentava regularmente no S. Carlos. Aliás, existe ainda mais um facto curioso relacionado com a Traviata. A única vez que Maria Callas se apresentou em Portugal, foi também nesta ópera em 1959 e também ao lado de Alfredo Kraus.

Para além de Sutherland e Pavarotti, fazem parte do elenco, entre outros:

Matteo Manuguerra - Georgio Germont
Della Jones - Flora
Marjon Lambriks - Annina

O Coro da Ópera de Londres e a National Philharmonic Orchestra são dirigidos pelo Maestro Richard Bonynge.


Lançado pela NVC Arts em 2000, este DVD foi captado numa récita de La Traviata ocorrida no Teatro La Fenice (Veneza) em Dezembro de 1992.

Fazem parte do elenco entre outros:

Edita Gruberová - Violetta Valéry
Neil Shicoff -
Alfredo Germont
Giorgio Zancanaro -
Giorgio Germont
Mariana Pentcheva -
Flora
Antonella Trevisan -
Annina

O coro e a orquestra do La Fenice são dirigidos pelo maestro Carlo Rizzi.

Destaca-se a interpretação de Edita Gruberová como Violetta, que imprime à personagem toda a sensualidade e debilidade que lhe são inerentes. O Alfredo de Neil Shicoff não é da mesma qualidade, mas pode considerar-se aceitável. Destaque também para Giorgio Zancanaro que interpreta solidamente a personagem de Giorgio Germont.


Alberto Velez Grilo


Foto: www.amazon,co,uk
Texto baseado em artigos da Wikipedia e na História da Música Clássica de Guido Boffi