terça-feira, 27 de maio de 2008

Vincenzo Bellini

Vincenzo Salvatore Carmelo Francesco Bellini, nasceu em Catânia na Sicília (Itália) a 3 de Novembro de 1801. Conjuntamente com Donizetti e Rossini, foi um compositor que marcou o período designado na ópera por Bel canto.

Bellini foi, desde muito jovem considerado uma criança prodígio. Sem confirmação histórica, conta-se que com dezoito meses interpretava uma ária de Valentino Fioravanti, que iniciou os seus estudos musicais apenas com dois anos e estudos de piano aos três anos. Conta-se ainda, que compôs pela primeira vez ao seis anos.

Embora a veracidade destes factos possa ser posta em causa, a verdade é que Bellini desde muito cedo iniciou os seus estudos musicais e que tal facto permitiu que viesse a compor um pequeno conjunto de óperas de grande qualidade e que são, ainda hoje, uma referência.

Premiado com uma bolsa de estudo do Governo de Catânia, Bellini parte aos dezoito anos para Nápoles, onde inicia estudos no Conservatório. Durante esta altura os trabalhos de Mozart e de Haydn foram uma referência para o jovem compositor.

Como era prática comum no Conservatório de Nápoles, os jovens mais promissores apresentavam os seus trabalhos ao público. Foi neste contexto que Bellini estreou a sua primeira ópera Adelson e Salvini no teatro do Conservatório em 1825. Devido ao sucesso deste primeiro trabalho, o compositor foi convidado a escrever uma nova ópera para ser apresentada no Teatro San Carlo de Nápoles. Em 1826 estreia Bianca e Gerando no San Carlo, mais uma vez com enorme sucesso (mais tarde a ópera é revista e estreia em Génova em 1828 como Bianca e Fernando).

A qualidade e aceitação pelo público das duas primeiras óperas de Bellini, originaram um convite
do empresário do Teatro alla Scala de Milão, Barbaia, para um novo trabalho.

Il Pirata (1828), a terceira ópera do compositor, marca o seu sucesso em Milão e o inicio da colaboração com Felice Romani (libretista e poeta), com quem virá a colaborar em todas as óperas seguintes. Para além de Felice Romani, Il Pirata contou na estreia com a participação do tenor Giovanni Battista Rubini que interpretou a personagem de Gualtiero. A voz de Rubini viria a servir mais tarde de inspiração para vários papeis para tenor nas óperas de Bellini.

Entre 1827 e 1833, Bellini permanece em Milão onde estreia a ópera La Straniera (1828), cujo sucesso foi ainda maior que o de Il Pirata. Durante este período compõe e estreia as óperas Zaira (Parma 1829) e I Capuletti e i Montecchi (Veneza 1830) baseada na peça Romeu e Julieta de William Shakespeare. Zaira não teve muito sucesso, mas I Capuletti e i Montecchi foi muito bem aceite em Veneza.

As três óperas mais famosas de Bellini são La Sonnambula (Milão 1831), Norma (Milão 1831) e I Puritani (Paris 1835).

A ópera Beatrice di Tenda, estreada em Veneza no ano de 1833 não teve tanto sucesso. E mesmo nos dias de hoje não é muito apresentada nos teatros líricos.

Depois da estreia da sua décima ópera, I Puritani, o compositor morre prematuramente em Paris a 23 de Setembro de 1835, com apenas 33 anos de idade.

A linha melódica de uma beleza inigualável aliada a passagens rápidas de coloratura, de que a ária Casta Diva da ópera Norma é um exemplo, são uma marca que Bellini deixou e que o destingue de outros compositores seus contemporâneos como Donizetti e Rossini.


Alberto Velez Grilo

Foto: archive.operainfo.org

Norma - Vincenzo Bellini

Antecedentes e Sinopse

A ópera Norma de Vincenzo Bellini teve a sua estreia no Teatro alla Scala de Milão em Dezembro de 1831 constituindo, essa primeira apresentação, uma decepção para Bellini que esperava que ela fosse recebida com um entusiasmo igual ao das óperas que apresentara anteriormente naquele mesmo teatro. No entanto, nos espectáculos que se seguiram o interesse do público foi crescente acabando por transformar num triunfo aquilo que parecera um fracasso sem futuro.

Um ano antes, na Primavera de 1830, ao ser convidado pelo empresário do Scala para escrever duas óperas para serem apresentadas no Outono desse ano e no Carnaval do ano seguinte, Bellini escolheu uma tragédia dum dramaturgo francês, Alexandre Soumet, que estava a obter um enorme sucesso em Paris no Teatro Odeon. O libretista foi Felice Romani, e o papel principal destinava-se à grande Giuditta Pasta (soprano), considerada a maior cantora do seu tempo. O papel de Norma é, de facto, um dos mais difíceis de toda a história da ópera, e não apenas da ópera italiana.

A acção de Norma passa-se na Gáulia durante a ocupação romana, cerca de 50 anos antes de Cristo.

No primeiro acto, os Druidas esperam a chegada de Norma, a Sacerdotisa, que lhes irá dar o sinal para se revoltarem contra os ocupantes. Norma mantém uma ligação secreta com Pollione, um romano, do qual tem dois filhos. Norma não sabe, mas Polione ama agora outra mulher, Adalgisa, uma jovem sacerdotisa. Os Druidas transmitem a Norma a decisão que tomaram: quando ela der o sinal, eles matarão os ocupantes, começando por Pollione. Norma diz aceitar essa decisão mas, quando fica só, declara o seu amor pelo romano.

O segundo quadro passa-se junto da casa de Norma que esconde os filhos ao ouvir alguém aproximar-se. É Adalgisa que lhe vem pedir para a libertar dos seus votos, confessando estar possuída por um amor proibido. Norma cede ao pedido de Adalgisa, e pergunta que amor é esse que a leva a tomar uma tal decisão. Adalgisa diz que é um romano que pretende levá-la consigo para Roma, e aponta Pollione que acaba de chegar para visitar os filhos. Ao compreender o que se passa, Norma revela o seu terrível segredo dizendo que também ela fora seduzida por aquele homem, e expulsa Pollione dizendo-lhe para partir sozinho para Roma.

O 2º acto inicia-se quando a Sacerdotisa, num acesso de raiva, tenta, em vão, arranjar coragem para matar os próprios filhos. Acaba por pedir auxílio a Adalgisa dizendo-lhe para partir para Roma com Pollione levando com ela as crianças nascidas da sua ligação com o oficial romano. Adalgisa aceita. Entretanto os Druidas reúnem-se e decidem pôr os seus planos em execução sem demoras antes que Pollione parta, já que dizem que o Consul que o vem substituir é ainda mais cruel. Do campo romano chegam notícias que dizem que Polione está prestes a partir pretendendo levar consigo Adalgisa contra sua vontade, mas recusando-se a levar os filhos de Norma.
A Sacerdotisa revolta-se e diz aos Druidas ter chegado a hora de agir. Pollione é preso, mas, quando o Chefe dos Druidas se prepara para o matar, Norma intervém dizendo que ela mesma o fará. Quando fica a sós com Pollione, Norma pretende libertá-lo, desde que ele prometa partir sem Adalgisa. Pollione recusa. Então Norma regressa ao Templo e confessa a sua traição e a sua culpa, dizendo dever ser sacrificada. A ópera termina com a morte de Norma e de Pollione que decide acompanhá-la no sacrifício.



Lançado pela editora Decca em 2002, esta gravação de estúdio de Norma constitui uma referência. No papel de Norma, Joan Sutherland, uma das maiores interpretes de sempre desta ópera. Para além de Sutherland, Maria Callas, Montserrat Caballé e, porventura, de Edita Gruberová constituem referências nesta ópera.

Nesta versão de estúdio, gravada em 1964, contamos como uma Sutherland no topo da sua forma. De notar que Norma é uma das óperas mais difíceis para soprano.

Acompanha Sutherland o Mezzo-soprano Marilyn Horne. As interpretações de Norma por parte desta "dupla" de cantoras ficaram na história.

Fazem parte do Elenco:

Norma - Joan Sutherland
Pollione - John Alexander
Adalgisa - Marilyn Horne
Oroveso - Richard Cross
Clotilde - Yvonne Minton
Flavio - Joseph Ward

O coro e orquestra Sinfónica de Londres dirigidos pelo Maestro Richard Bonynge.

Lançado pela Arthaus Musik, este DVD da Norma de Bellini foi captado na ópera de Sidney em Agosto de 1978.

Constituem o elenco:

Norma - Joan Sutherland
Pollinone - Ronald Stevens
Oroveso - Clifford Grant
Flavio - Trevor Brown
Adalgisa - Margreta Elkins
Clotilde - Etela Piha

The Australian Opera Chorus e a Elizabethan Sidney Orchestra são dirigidos pelo Maestro Richard Bonynge.


Alberto Velez Grilo

Fotos: www.amazon.co.uk
Antecedente e Sinopse: Antena 2

terça-feira, 20 de maio de 2008

Bobby McFerrin

Bobby MacFerrin nasceu em Madeley, Inglaterra, a 11 de Março de 1950. Em criança passou a viver em Nova Iorque e, por isso, é muitas vezes identificado como americano. O pai de Bobby McFerrin, Robert McFerrin, foi um famoso barítono e foi o primeiro afro-americano a cantar regularmente no Metropolitan Opera.

Bobby McFerrin é conhecido por ser detentor de uma voz fora do que considerado comum. Com uma extensão de 4 oitavas, McFerrin alterna muitas vezes a sua voz de peito com o falsete transmitindo um sensação de polifonia, isto é, o músico perece conseguir cantar duas notas diferentes ao mesmo tempo.

Outra característica interessante é que muitas vezes se apresenta em palco sem qualquer instrumento musical para acompanhamento, interpretando os seus temas à capela. Utiliza também batimentos no peito para complemento à sua voz.

Para além destes concertos a solo, Bobby McFerrin é, desde 1990, regularmente convidado para dirigir orquestra sinfónicas em digressões pelos Estados Unidos e Canadá, nomeadamente a Orquestra Sinfónica de São Francisco, a Filarmónica de Nova Iorque, a Sinfónica de Chicago, a Filarmónica de Los Angeles e Filarmónica de Londres, entre outras.

Mesmo nos concertos com estas orquestras, McFerrin não deixa de utilizar a sua capacidade de improviso, interpretando vocalmente as partituras de alguns instrumentos. Os seu concertos terminam usualmente com a abertura da ópera Guilherme Tell de Rossini com os instrumentistas a interpretarem vocalmente as partituras de cada instrumento.

McFerrin ganhou durante a sua carreira 8 Grammys.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.bobbymcferrin.com

Paper Music - Bobby McFerrin

O álbum Paper Music foi lançado pela editora Sony Classic em 1995. Embora já com algum tempo, o CD ainda é relativamente fácil de obter nas lojas da especialidade ou nas lojas on-line.

Neste trabalho estão evidenciadas duas facetas de Bobby McFerrin, a regência de orquestra e a voz.

McFerrin dirige a Saint Paul Chamber Orchestra, interpretando temas de Mozart, Boccherini, Fauré, Stravinsky, Vivaldi, Mendelssohn, Bach e Tchaikovsky.

Alguns dos temas contêm arranjos de McFerrin que interpreta vocalmente as partituras de alguns instrumentos.

Com estas duas variantes, este trabalho demonstra a capacidade vocal e de regência de McFerrin.

Fazem parte do CD:

Overture of The Marriage of Fígaro - W.A. Mozart
Minuet from String Quintet Nº 1 - L. Boccherini (voz e arranjos: Bobby McFerrin)
Pavane - G. Fauré (Voz: Bobby McFerrin)
Minuetto & Finale from Pulcinella Suite - I. Stravinsky
Concerto in G (Sol) minor for 2 Cellos Strings and Continuo - A. Vivaldi (voz: Bobby McFerrin)
Scherzo from A Midsummer Night's Dream - F. Mendelssohn
First Movement from Concerto for Violin, Strings and Continuo - J.S. Bach (Voz: Bobby McFerrin)
Eine Kleine Nachtmusik - W. A. Mozart
Andante Catabile for Cello and String Orchestra - P.I. Tchaicovsky (Voz: Bobby McFerrin)


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

Bobby McFerrin Live in Montreal

O DVD Live In Montreal com Bobby McFerrin foi gravado no Festival de Jazz de Montreal (Canadá) em 2003.

Sozinho em palco e sem qualquer acompanhamento, este concerto lançado em DVD em 2005 é um excelente exemplo das capacidades vocais de Bobby McFerrin.

Com os seus improvisos vocais, o cantor conquista o exigente público da primeira à última das suas interpretações.

Embora, este seja um concerto essencialmente a solo, Bobby McFerrin contou naquela noite com alguns convidados surpresa. Surpresa para o público e surpresa para o próprio. A sua capacidade de improviso é amplamente posta à prova quando os convidados são uma trapezista, uma violoncelista, um guitarrista, um coro polifónico e um bailarino de sapateado.

Para além destas surpresas, o cantor interage com o público e "força" a sua participação no espectáculo. Um momento alto do concerto foi a interpretação da famosa Ave Maria de Bach/Gounod em que McFerrin interpreta a partitura de Bach (primeiro prelúdio) enquanto o publico interpreta a partitura que Gounod escreveu "em cima" do prelúdio.

Fazem parte do DVD os seguintes temas:

Little Red Book - Improviso
Improvisation with the people on stage - Improviso
Improvisation with Êvelyne Lamontagne on the trapeze (extracts from the opera Carmen) - Improviso
Improvisation with the audience - Improviso
Improvisation with Jorane: Riopel - Improviso
Improvisation: Gonna move - Improviso
The Jump
Drive Ave Maria
Dina Lam - with Richard Bona
Improvisation with Richard Bona - Improviso
Country stuff - Improviso
Baby
Improvisation with Tamango: Well you needn't - Improviso
Bwee do
With Le grand Coeur de Monreal: It's a wonderful world
Circlesong one
Somewere over the rainbow
The wizard of Oz Medely Melody from sun concert 5
Sings walking of stage


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marilyn Horne

Marilyn Horne nasceu nos Estados Unidos da América em Bradford (Pennsylvania) a 16 de Janeiro de 1934. Desde muito cedo na sua vida foi influenciada pelo pai a prosseguir o seu sonho de se tornar cantora de ópera. Aliás, o pai, até morrer, teve sempre um papel bastante importante na carreira da cantora.

Aos treze anos, depois da família se ter mudado para Long Beach na Califónia, integra o Los Angeles Concert Youth Chorus, onde sempre teve um papel de destaque como Soprano.

Mais tarde estuda canto com William Vennard na University of Southern California em Los Angeles onde assiste também às Master Classes de Lotte Lehmann.

Embora tenha iniciado os seus estudos como Soprano, cedo os seus professores compreenderam que as suas características vocais se adequavam mais a um registo de Mezzo-soprano.

Embora, caracterizada como Mezzo-soprano, isto é, uma voz mais encorpada nos registos médio e grave que a do Soprano, mas com um registo agudo praticamente igual, a voz de Marilyn Horne é bastante mais que isso. O seu registo grave, bastante poderoso, leva-nos muita vezes a pensar a sua voz como Contralto, a voz feminina de registo mais grave. Outra característica importante da voz da cantora é a sua agilidade em qualquer dos registos. A voz, com uma extensão rara de mais de três oitavas, é capaz de executar passagens extremamente rápidas, ou seja, Marilyn Horne deve ser considerada um Mezzo-soprano de Coloratura, mas com uma potência muito apreciável, característica rara na maioria deste tipo de Mezzo-sopranos.

A cantora debutou na ópera aos vinte anos de idade (1954) no papel de Hata na ópera The Bartered Bride de Smetana na ópera de Los Angeles. Ainda nesse ano deu voz a Carmen de Bizet em versão de filme, papel que foi interpretado pela actriz Carmen Jones.

Depois da morte de seu pai, em 1957, Marilyn Horne parte para a alemanha, onde assina contrato com a companhia de ópera de Gelsenkirchen e onde se mantém durante 3 anos, interpretando papeis de soprano nomeadamente, Mimi (La Bohème - Puccini), Guilietta (Tales of Hoffmann - Offenbach) e Amélia (Simon Boccanegra - Verdi). Destaca-se nesta altura a sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck do compositor austríaco Alban Berg. Os aplausos dos críticos a esta interpretação (que a cantora nem queria fazer), valeram-lhe o regresso aos Estados Unidos a convite da ópera de S. Francisco. A cantora deixa a Alemanha em 1960.

A sua interpretação de Marie na ópera Wozzeck é amplamente aclamada pelo público e pela crítica nos Estados Unidos e Marilyn Horne passa a ser conhecida internacionalmente.

Em 1961, a cantora aparece pela primeira vez acompanhada pelo soprano Joan Sutherland, com quem viria durante a sua carreira a interpretar inúmeras óperas. Aliás, Joan Sutherland e Marilyn Horne ficarão para a história como duas das vozes que mais se completam. No ano de 1961 Horne interpreta a personagem de Agnese (Mezzo-soprano) da ópera Beatrice di Tenda de Bellini com Joan Sutherland como Beatrice.

Depois do êxito no papeis de Marie e Agnese, a cantora estreia-se nos mais importantes palcos operáticos do mundo. Salientam-se as suas interpretações com Joan Sutherland nas óperas Norma e Semiramide de Bellini e Rossini, respectivamente.

A cantora é por muito críticos considerada a melhor interprete dos papeis de Rossini para Mezzo-soprano, com destaque para Rosina do Barbeiro de Sevilha, Falliero da ópera Bianca e Falliero (papel para contralto), Isabella de L'italiana In Algeri, Arsace da ópera Semiramide, Tancredi da ópera homónima e Angelina de La Cenerentola.

Importa também referir a interpretação de Rinaldo personagem da ópera homónima de Handel, que a cantora interpretou no Metropolitan de Nova Iorque e que nunca aí tinha sido interpretada neste palco operático.

Marilyn Horne retirou-se dos palcos em 1999 com um recital no Chicago Symphony Center. Tem hoje uma fundação com o seu nome que ajuda a preservar a arte dos recitais vocais e que se dedica também ao ensino.

A cantora ficará na história como um dos melhores Mezzo-sopranos de sempre.


Alberto Velez Grilo

Foto:www.deccaclassics.com

The Spectacular Voice of Marilyn Horne

The Spectacular Voice of Marilyn Horne foi lançado pela Decca em 1998 com reedição posterior integrada no conjunto de 11 CD's intitulado Marilyn Horne - The Complete Decca Records em Março de 2008.

As capacidades vocais da cantora para interpretação de várias árias de Rossini para Mezzo-soprano e Contralto são claramente evidenciadas neste álbum. A agilidade e potência vocais com que Marilyn Horne interpreta Rossini fazem deste trabalho uma obra essencial para os apreciadores do Bel canto iltaliano.

Fazem parte do CD os seguintes temas:

Bel raggio lusinghier - Semiramide
Cruda Sorte! - L'italiana in Algeri
Di tanti palpiti - Tancredi
Nacqui all'affanno...Non più mesta - La Cenerentola
Mura felici - La donna del lago
Tanti affetti - La dona del lago
L'ora fatal s'apressa... Guisto ciel! - L'assedio di Corinto
Avanziam... Non temer, d'un basso affetto... I destini tradir ogni speme!... Signor, che tutto puoi... Sei tu che stendi, o dio - Lássedio di Corinto

Embora com edição de 1998, ainda é relativamente fácil encontrar este álbum nas discotecas ou em lojas on-line.

Para uma visão geral da carreira de Horne, o conjunto de 11 CD's The Complete Decca Records é uma referência.



Alberto Velez Grilo

Foto:www.amazon.co.uk

L'italiana in Algeri - Marilyn Horne

Lançado pela Deutsche Grammophon no final de 2006 este duplo DVD apresenta-nos um récita da ópera L'italiana in Algeri ocorrida no Metropolitan de Nova Iorque a 11 de Janeiro de 1986.

L'italiana in Algeri é uma ópera cómica de Gioachino Rossini com libretto italiano em dois actos de Angelo Anelli e estreada no ano de 1813 no Teatro de San Benedetto de Veneza.

Espontânea e desenvolta, a comédia distingue-se pelo argumento delirante, no qual sobressai a agilidade das peripécias e o hábil desenho das personagens, enquadrados por um ambiente oriental.

Sinopse

Elvira, mulher de Mustafà, Rei de Argélia, confidencia tristemente à sua escrava Zulma que o marido já não a ama. Quando Mustafà entra, acompanhado por Haly, capitão dos corsários, Elvira tenta falar-lhe, mas o Rei ordena-lhe que se retire para os seus aposentos com Zulma e os eunucos. Para se ver livre dela, resolve dá-la em casamento ao seu escravo italiano, Lindoro, sem atender às razões de Haly, acaba por ordenar a este que lhe arranje uma italiana, daquelas que tanto arreliam os seus apaixonados, farto que estava de mulheres dóceis e modestas. Concede-lhe seis dias para o conseguir ou espera-o a morte.

Lindoro, que recorda Isabella, a sua noiva que ficara em Itália, não se sente nada entusiasmado com a proposta de Mustafà e tenta escapar à vontade de Rei, mas este, entre lisonjas e ameaças, obriga-o a segui-lo para admirar a mulher que decidira dar-lhe por esposa.

Entretanto, um navio italiano naufraga na costa e Haly acorre para o pilhar e fazer prisioneiros. Entre estes encontram-se Isabella, vinda por mar à procura de Lindoro, e Taddeo, que a acompanha como seu admirador e que ela, para o salvar da morte, faz passar por seu tio. Haly anuncia à bela italiana que será apresentada ao Rei e que se tornará a rainha do seu harém. Taddeo fica horrorizado, mas Isabella assegura-lhe que com a sua astúcia feminina e desenvoltura saberá fazer frente àquele terrível Mustafà.

Numa sala do palácio, o Rei informa Lindoro que um navio veneziano acaba de pagar o seu resgate e que se o jovem deseja voltar à pátria, se apresse a levar Elvira e que, além disso, dar-lhe-à tanto ouro que ficará riquíssimo. Com notícia que lhe traz Haly que entre os prisioneiros do navio naufragado se encontra uma formosíssima italiana, Mustafà, radiante, afasta-se com o seu séquito para ir recebê-la dignamente, enquanto Lindoro procura convencer Elvira a esquecer o marido ingrato e a segui-lo para Itália, onde poderá ter os amantes que quiser.

Isabella é apresentada a Mustafà, que de imediato se apaixona. Ela finge corresponder a fim de tirar as maiores vantagens da situação. Entretanto entram Lindoro e Elvira, para se despedirem do Rei. O encontro imprevisto faz inflamar ainda mais o coração dos dois jovens. Mas Isabella não perde a cabeça e, ao saber por Mustafà que a sua ex-mulher e o seu escravo vão partir para Itália, simula uma grande indignação. Se Mustafà quer ter uma atitude digna, que fique com Elvira e que ponha o escravo Lindoro ao seu serviço. Mustafà, fascinado por Isabella, cede à sua vontade provocando o espanto geral.

Elvira, Zulma, Haly e um grupo de eunucos comentam a condescendência de Mustafà e a esperteza de Isabella, que poderá ser útil à causa de Elvira. Mustafà, entrando a seguir, afirma que saberá conquistar a bela italiana, excitando a sua ambição. Na sala deserta, encontram-se Isabella e Lindoro, o qual assegura à sua bem amada que nunca tencionara atraiçoá-la e que a projectada viagem a Itália com Elvira era apenas um estratagema para poder voltar para junto dela.

Isabella arquitecta então um plano com Lindoro para abandonarem a Argélia e fugirem juntos no mesmo barco para Veneza. saem os dois e entra Mustafà que, cada vez mais apaixonado por Isabella, decide atribuir a Taddeo, que naturalmente julga seu tio, o título de Kaimakan. Em troca, este deverá ajudá-lo a conquistar Isabella. Tadeo, obrigado a escolher entre a tortura e a tarefa humilhante de fazer de alcoviteiro, aceita o título prestigioso, respeitado por todos.

Num maravilhoso aposento junto ao mar, Isabella veste-se à turca. Conversando com Elvira, ensina-lhe a maneira mais conveniente para conservar um marido. É necessário dominar os homens e não ser dominada. Mustafà, à parte, ordena a Lindoro que conduza Isabella à sua presença e Taddeo que lhe faça companhia e se retire assim que ele fizer sinal, espirrando. Isabella entra, murmurando palavras ternas a Mustafà, que espirra várias vezes, mas Taddeo finge não ouvir. Então Isabella, divertida com a situação, manda servir o café em três chávenas, uma das quais destinada a Elvira. Mustafà mostra-se muito aborrecido com a presença de Elvira, mas Isabella recorda-lhe a sua promessa de ser gentil com a esposa e o Rei, obrigado a condescender para não irritar a bela e prepotente italiana, começa a suspeitar que está ser alvo de troça.

Enquanto Haly louva a inteligência e a astúcia das mulheres italianas, Lindoro e Taddeo (que não descobriu ainda que o escravo é o noivo de Isabella) asseguram a Mustafà que Isabella está apaixonadíssima por ele e que o quer nomear, com grande pompa e solenidade, o seu Pappataci (Come e cala). O Rei fica muito lisonjeado, mesmo sem saber o que significa aquele título. Os dois explicam-lhe que se trata de um título muito considerado em Itália reservado aos conquistadores irresistíveis. Um verdadeiro Pappataci deve pensar somente em comer, beber, dormir e divertir-se.

Isabella, que obteve do Rei os escravos italianos para preparar a cerimónia, disfarça alguns de Pappataci. Encarrega outros de se manterem no barco prontos para a fuga e informa todos da partida que pretende pregar a Mustafà. Taddeo ajuda-a, convencido naturalmente de que ela deseja enganar Mustafà por amor dele.

Inicia-se a cerimónia. Mustafà, vestindo solenemente de Pappataci e lisonjeado por se encontrar no meio de tantos italianos com o mesmo título, promete observar escrupulosamente o regulamento da ordem. Deve jurar não ver, não ouvir e não se intrometer, comer e gozar apenas. Fingem depois pô-lo à prova. Isabella e Lindoro trocam frases amorosas e ele, obedecendo às ordens, continua a comer sem se preocupar com o que acontece. Quando um navio acosta ao palácio, Lindoro, Isabella e os escravos italianos entram nele à pressa, enquanto Taddeo apercebendo-se finalmente que Lindoro é o noivo da mulher que serviu com tanta devoção, procura despertar Mustafà para que ele impeça a fuga dos dois apaixonados. Mas Mustafà mantém-se fiel ao juramento dos Pappataci. De novo, Taddeo tem de escolher entre a tortura de ficar, e a humilhação de auxiliar os objectivos de Lindoro e Isabella; escolhe a humilhação e embarca com os outros.

Acorrem entretanto Elvira, Zulmira e Haly com os eunucos completamente embriagados (obra também de Isabella), aos quais Mustafà, dando-se conta de que foi enganado, ordena inutilmente que prendam os fugitivos, que se afastam já no barco. "Mulheres italianas nunca mais!", afirma Mustafá, resignado. Pedindo perdão, volta para junto da sua dócil esposa Elvira.

Elenco

Mustafà - Paolo Montarsolo
Elvira - Myra Merrit
Zulma - Diane Kesling
Haly - Spiro Malas
Lindoro - Douglas Ahlstedt
Usabella - Marilyn Horne
Taddeo - Allan Monk

Coro e Orquestra do Metropolitan sob a direcção de James Levine.

Marylin Horne conquista mais uma vez o publico do Metropolitan com a sua interpretação de Isabella. Aliás Horne apresentava-se no Met regularmente nesta ópera, aliás das 46 vezes que a ópera tinha sido levado à cena, Horne foi a protagonista de 36.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.amazon.co.uk/
Sinopse baseada em texto do blogue guiadosteatros.blogspot.com

terça-feira, 6 de maio de 2008

Tom Jobim

António Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nasceu no Rio de Janeiro a 25 de Janeiro de 1927 e é considerado um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos criadores do movimento ou estilo Bossa Nova.

O trabalho de Tom Jobim destaca-se não só na composição, mas também nas suas actividades como maestro, pianista, cantor e guitarrista.

Pensou em trabalhar como arquiteto e chegou exercer esta actividade, mas cedo abandonou a arquitectura e começou a tocar em bares do Rio de Janeiro como pianista. Em 1952 foi contratado pela editora discográfica Continental como arranjador. É por volta desta altura que surgem as suas primeiras composições. O primeiro tema gravado foi Incerteza com letra de Newton Mendonça e voz de Mauricy Moura. O primeiro grande sucesso seria Tereza na Praia com Lúcio Alves e Dick Farney.

Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada inumeras vezes.

Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da Bossa Nova. O álbum Canção do Amor Demais de 1958 em parceria com Vinícius de Moraes, e interpretações de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo "violão" de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da Bossa Nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da Bossa Nova como estilo musical veio logo em seguida com o "single" Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direcção musical de Tom Jobim.

O músico foi em 1962 um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova Iorque, iniciando desta forma a sua carreira internacional. No ano seguinte compôs, com Vinícius de Moraes, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no foram do Brasil: Garota de Ipanema. Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de "clássicos" produzidos por Jobim é impressionante: Samba do Avião, Só Danço Samba (com Vinícius de Moraes), Ela é Carioca (com Vinícius de Moraes), O Morro Não Tem Vez, Inútil Paisagem (com Aloysio), Vivo Sonhando, entre outros.

O sucesso fora do Brasil fê-lo voltar aos Estados Unidos em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O álbum Francis Albert Sinatra e António Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom Jobim (The Girl From Ipanema, How Insensitive, Dindi, Quiet Night of Quiet Stars) e composições americanas, como I Concentrate On You, de Cole Porter.

Ainda no fim dos anos 60, depois de lançar o álbum Wave, participou em vários festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção Rede Globo, com o tema Sabiá, em parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.

Aprofundando os seus estudos musicais e nomeadamente com inspiração em compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim continuou a gravar e compor temas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto das suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de Matita Perê e Urubu, lançados na década de 70, que marcam a aliança entre a sofisticação harmónica de Tom e sua qualidade de letrista. São desses dois discos os temas Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto e Ângela.

Depois de lançar o seu último álbum (de mais de 50), Antônio Brasileiro, Tom Jobim, morre no Estados Unidos em Dezembro de 1994.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.Wikipedia.com/
Texto baseado em artigos da Wikipedia e conteúdos de sites de referência

Maestro Soberano Tom Jobim

Lançado pelas editoras Do Brasil e Discmedi no ínicio de 2008, este conjunto de três DVD's constitui um retrospectiva do trabalho do compositor, cantor e pianista (entre outras actividades ligadas ao meio musical) Tom Jobim.

Com o título genérico Maestro Soberano Tom Jobim, os vários trabalhos são agrupados em três DVD's com os nomes Ela é Carioca, Chega de Saudade e Águas de Março.

Para além de inúmeros temas interpretados pelo próprio Jobim e pelos maiores nomes da música Brasileira, fazem também parte dos DVD's entrevistas com várias personalidades ligadas à música Brasileira.

Participam entre outros:

Caetano Veloso
Chico Buarque
Gal Costa
Gilberto Gil
Milton Nascimento
Vinícius de Moraes
Ana Lontra Jobim
Paulinho da Viola
Edu Lobo
Ellis Regina

Para os apreciadores de Bossa Nova e MPB, esta é uma obra de referência do que é talvez o maior ícone de sempre destes estilos.


Alberto Velez Grilo

Foto: http://www.fnac.com/