terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ella Fitzgerald

Ella Jane Fitzgerald nasceu em Newport News no estado da Virgínia (Estado Unidos da América) a 25 de Abril de 1917.

Ella teve uma infância conturbada, com a separação dos pais e a morte da mãe. Viveu nesta altura na Virgínia, em Nova Iorque e novamente na Virgínia. Chegou a ser internada num reformatório de onde fugiu para viver algum tempo nas ruas.

Interessou-se desde muito cedo pela dança e pretendia ser bailarina. No entanto, adorava Jazz e ouvia frequentemente as gravações de Louis Armstrong, Bing Crosby e The Boswell Systers.

O interesse pela dança foi colocado de parte quando debutou como cantora a 21 de Novembro de 1934 (já de novo em Nova Iorque) no Apollo Theather (Harlem). Ganhou nesse dia o concurso para cantores e pode dizer-se que foi nesse momento que começou a sua meteórica carreira.

Detentora de uma voz extraordinária pelos seus naturais dotes de frescura, extensão (3 oitavas) e elasticidade, Ella começou por integrar a banda do baterista Chick Webb em 1935, obtendo, repentinamente, êxitos por toda a parte. Em 1938, grava com esta banda "A-Tisket, A-Tasket" (co-autora) que se tornou num enorme sucesso, junto do público.

Chick Webb morre em 1939 e Ella assume a direcção da Banda que foi renomeada "Ella Fitzgerald and Her Famous Orchestra".

Em 1942 termina a banda e Ella dedica-se a uma carreira a solo, assinando contrato com a editora discográfica Decca. Na segunda metade da década de 1940 contactou com o "novo" estilo bebop ingressando na grande orquestra de Dizzy Gillespie. Nesta época, abandona-se a divertimento de fazer música por puro prazer e o seu "scat" florescente (canto entoado sobre sílabas sem sentido escolhidas só pelo seu gosto rítmico e fónico) tornou-se um dos mais interessantes e perfeitos da história do Jazz. O seu álbum de 1945 "Flying Home", foi descrito anos mais tarde pelo New York Times como um dos trabalhos com mais influência no Jazz vocal da época.

Entre 1946 e 1951 gravou com Louis Armstrong um conjunto de obras, semeado de pequenas maravilhas, nas quais a simplicidade, o humor e o contraste das duas vozes são verdadeiramente notáveis.

Em 1955, Ella Fitzgerald deixa a Decca e passa a gravar para a editora criada pelo seu "manager" Norman Granz - Verve Records. Até esta altura a cantora sempre assumiu que o seu estilo era o bebop e que a sua carreira giraria sempre à sua volta. No entanto, um pouco influenciada pro Norman Granz, Ella sentiu que havia muito mais coisas igualmente interessantes que poderia fazer com a sua voz. Lança, assim, e, 1956 o álbum "Ella Fitzgerald Sings the Cole Porter Songbook", conquistando assim audiências fora do meio jazzístico.
Ella Fitzgerald Sings the Cole Porter Songbook foi o primeiro de oito "Songbooks" lançados pela Verve Records entre 1956 e 1964. Os compositores escolhidos para cada um dos álbuns, em que Fitzgerald grava temas conhecidos e algumas raridades, constituem um dos legados mais importantes deixados pela cantora para a história da música (isto mesmo considerando que os estilos interpretados se afastam muitas vezes do Jazz e se enquadram mais no pop).

Entre 1972 e 1983 Ella volta a gravar álbuns inteiramente dedicados a canções de compositores como Cole Porter (Ella Louves Cole), George Gershwin (Nice Work If You Can Get It) e António Carlos (Tom) Jobim (Ella Abraça Jobim).

Mesmo gravando estes trabalhos um pouco fora do âmbito do Jazz, a cantora nunca deixou durante a sua carreira, de fazer digressões um pouco por toda a parte, afirmado-se como uma das melhores cantoras de Jazz de sempre.

Em 1972 o sucesso estrondoso da álbum "Jazz at Santa Monica Civic'72" fez com que Norman Granz, que entretanto tinha vendido a Verve à MGM em 1967, voltasse a criar uma editora discográfica a Pablo Reccords, novamente focalizada na carreira de Ella Fitzgerald. Ella grava cerca de 20 álbuns para esta editora.

Durante os final da década de 1980, a voz de Ella entra em decadência, com o recurso intensivo a pequenas frases (associado à respiração deficiente) e a um vibrato excessivo (vibração excessiva da voz que geralmente surge nos cantores com mais idade).

Já com alguns problemas de saúde, Ella grava o seu último álbum em 1991 e o seu último espectáculo ocorreu em 1993.

Ella Fitzgerald morre a 15 de Junho de 1996.

No seu livro "Os caminhos do Jazz", Guido Boffi sintetiza da seguinte forma a carreira desta cantora - "Para a história do Jazz, Ella Fitzgerald permanecerá uma cantora completa, que escolheu um estilo baseado sobretudo na pureza de expressão, na valorização do ritmo, na flexibilidade tímbrica e no conhecimento técnico, frutos de um trabalho duro e sistemático".


Alberto Velez Grilo

Foto: www.geocities.com
Texto baseado no livro Os Caminhos do Jazz de Guido Boffi.

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