terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Edita Gruberová - Soprano

Edita Gruberová nasceu em Bratislava (Eslováquia) a 23 de Dezembro de 1946.

Iniciou os seus estudos musicais no conservatório de Bratislava onde foi aluna de Mária Medvecká. Continuou os estudos na Academy of Performing Arts também em Bratislava, fazendo nesta altura parte de um famoso grupo musical de nome Lúcnica (folk)

Em 1968 Gruberová estreia-se na ópera de Bratislava no papel de Rosina da ópera Il Barbiere di Siviglia de Rossini, obtendo um estrondoso sucesso. Nesta altura, a então Checoslováquia encontrava-se em pleno período comunista, estando as fronteiras para o ocidente completamente fechadas. No entanto em 1969, Gruberova consegue, através da sua professora de canto, uma audição na Ópera de Viena. É de imediato aceite e estreia-se no papel de Rainha da Noite na ópera a Flauta Mágica de Mozart. Nesta altura decide fixar-se em Viena e passa a apresentar-se regularmente na Ópera dessa cidade e nas mais importantes casas de ópera.

A voz de Gruberová é um pouco difícil de enquadrar dentro dos parâmetros que dividem as vozes de soprano. No início de carreira podemos considerar a sua voz como a de um soprano de coloratura, isto é com muita agilidade, capaz de executar passagens extremamente rápidas e de atingir notas muito agudas. Já mais recentemente, Gruberová poderá ser considerada como um soprano dramático de coloratura, isto é, com a agilidade e extensão vocal no registo agudo de um soprano de coloratura, mas com maior potência vocal.

O princípio da carreira (soprano de coloratura) foi marcado pelas interpretações notáveis de Zerbinetta da ópera Ariadne auf Naxos de Richard Strauss e da Rainha da Noite da Flauta Mágica de Mozart, aliás Gruberova sempre foi muito elogiada pela crítica nas sua interpretações do reportório Mozartiano.

Mais tarde a cantora lança-se em papeis mais arrojados do reportório Belcantista e mais exigentes do ponto de vista vocal e dramático (soprano dramático de coloratura), nomeadamente em óperas de Bellini, Rossini e Donizetti. De salientar neste campo as interpretações nas famosas óperas de Donizetti: Roberto Devereux (Isabel I), Maria Stuarda e Anna Bolena.

A cantora conta actualmente com 61 anos de idade e não deixa de lançar-se em novas "aventuras". Actualmente interpreta a mais famosa e difícil ópera de Bellini, Norma, e recentemente estreou-se em Lucrezia Bórgia de Donizetti no Gran Teatro del Liceu de Barcelona.

A opinião do críticos relativamente a Gruberová, está longe de ser consensual. Para alguns seu reportório devia restringir-se a Mozart. Para outros as interpretações nas óperas de Bellini, Rosssini e Donizetti são uma referência.

A forma diferente como a cantora "ataca" as notas agudas sempre foi um tema de discussão entre os críticos e o público. Ultimamente a sua capacidade de executar notas agudas em pianíssimo tem sido muito elogiada.

Apelidada por muitos como "Rainha do Bel Canto" dos nossos dias, Gruberová é uma voz de referência no panorama lírico europeu da actualidade.

Ouvir e ver Gruberová em palco é, sem dúvida, uma experiência inolvidável.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.resmusica.com/

Il Barbiere di Siviglia - Gruberová, Flórez, Chernov, Weikert

Lançado pela editora Nightingale Classics em 2004, este triplo CD resulta de uma gravação ao vivo de uma récita da ópera Il Barbiere di Seviglia (O Barbeiro de Sevilha) de Gioacchino Rossini, em Munique em Novembro de 1997.

O Barbeiro de Sevilha é uma das óperas de Rossini mais apresentadas no palcos líricos. Esta ópera foi, aliás apresentada na rubrica Lado a Lado com a música a 4 de Dezembro de 2007.

Do elenco fazem parte os seguintes cantores:

Rosina - Edita Gruberová
Berta - Rosa Laghezza
Conte Almaviva - Juan Diego Flórez
Figaro - Vladimir Chernov
Don Bartolo - Enric Serra
Don Basílio - Francesco Ellero d'Artegna
Fiorelli, Ambrogio, Un Ufficiale - James Anderson

Coro e orquestra da Ópera da Baviera sob direcção do Maestro Ralf Weikert.

Destaca-se a interpretação de Edita Gruberová como Rosina, papel que a cantora começou a interpretar desde muito cedo na sua carreira. Em 1997 Gruberová contava já com 50 anos de idade, mas a sua voz mantinha-se, aliás ainda se mantém, com uma frescura e flexibilidade invejáveis, características indispensáveis para a interpretação de Rosina. A ária "Una Voce Poco Fa" prima pelas passagens de coloratura, que não constituem qualquer dificuldade para a cantora, faltou apenas a nota aguda final (Fá) que Gruberová muitas vezes utilizou na interpretação desta ária (embora esta nota não faça parte da partitura de Rossini).

Juan Diego Flórez, hoje em dia uma estrela do mundo da ópera, estava nesta altura no início da sua carreira. A técnica é irrepreensível, mas talvez ainda faltasse um pouco de emoção.

De salientar também a interpretação de Vladimir Chernov como Fígaro.

Este CD ganhou o prémio ECHO klassik 2005 na Alemanha.



Alberto Velez Grilo

Foto: www.nightingaleclassics.com

Roberto Devreux - Gruberová, Schagidullin, Piland, Aronica, Friedich Haider

A Deutche Grammophon lançou em 2006 este DVD com uma récita da ópera Roberto Devereux de Gaetano Donizetti, gravada em 2005 na Ópera da Baviera em Munique.

A ópera Roberto Devereux faz parte de um conjunto de óperas que Donizetti dedicou às Rainhas Tudor, nomeadamente, Anna Bolena, Elisabeth I (Roberto Devereux) e Mary Stuart (Maria Stuarda).

Não sendo uma ópera muito representada nos dias que correm, Roberto Devereux, é, sem dúvida, um dos trabalhos de referência do Bel Canto e uma das melhores e mais dramáticas óperas de Donizetti. A exigência em termos vocais e dramáticos para o soprano que interpreta a personagem de Elisabeth I (ou Elisabetta do libretto em Italiano) será demasiado elevada para a maioria dos sopranos.

Com libretto de Salvatore Cammarano (que terá sido acusado de plagiar Felice Romani), a ópera retrata a infelicidade amorosa de Isabel I, Rainha de Inglaterra, ao ver-se traída por Roberto Devereux, Conde de Essex.

Roberto Devereux já tinha sido tema de pelo menos 3 peças teatrais francesas e embora não seja historicamente preciso, revela-se um drama com bastante interesse.

A historia envolve quatro personagens principais, Elisabetta (Rainha Isabel I de Inglaterra), Roberto Devereux (Conde de Essex), o Duque de Nottingham e Sara (Duquesa de Nottingham). Roberto e Sara estão apaixonados, mas a Rainha, que gosta de Roberto, força Sara, sua amiga e confidente, a casar-se com o Duque de Nottingham enquanto Roberto combate na Irlanda.
Roberto regressa a Inglaterra, mas é acusado de traição pelo Conselho da Rainha. No entanto, esta está disposta a perdoá-lo se ele aceitar o seu amor. Roberto não está disposto a trair Sara e é condenado à morte pela Rainha.
O Duque de Nottingham descobre que Sara e Roberto são amantes, por causa de um lenço azul que vira Sara bordar e que mais tarde encontra nas mãos de Roberto. Sara tenta falar com a Rainha para lhe contar que é a sua rival, mas que está disposta a abdicar do seu amor para salvar Roberto. No entanto o Duque impede-a de sair. Quando Sara consegue por fim falar com a Rainha é tarde demais. Roberto acaba de ser executado.
A ópera termina com a Rainha num acesso de loucura a afirmar que não reinará mais. É nesta altura que canta a ária "Quel sangue versato al cielo", uma das árias mais difíceis do reportório Belcantista.

Do elenco desta récita fazem parte os seguinte interpretes:

Elisabetta (Rainha de Inglaterra) - Edita Gruberová
Il Duca di Nottingham - Albert Schagidullin
Sara - Jeanne Piland
Roberto Devereux - Roberto Aronica
Lord Guglielmo Cecil - Steven Humes
Paggio di Roberto - Nikolay Borchev
Giacomo (Rei da Escócia) - Johannes Klama

O coro e a Orquestra da Ópera da Baviera são dirigidos por Friedrich Haider.

A encenação a cargo de Christof Loy está longe de ser consensual. A acção é transportada para a actualidade, com um escritório como cenário. As personagens vestem sobriamente. Homens e mulheres de fato cinzento ou azul escuro. Um toque de cor somente na personagem de Elisabetta.
Este tipo de encenação, muito ao estilo europeu não é muito apreciada por muitos críticos e por alguns públicos, nomeadamente americanos. Para o público europeu, mais habituado a este novo tipo de abordagem cénica, Christof Loy sai, certamente, com um saldo bastante positivo. Esta encenação valeu-lhe o prémio de Director do Ano atribuído pela revista alemã Opernwelt.

Gruberová interpreta Elisabetta com muita convicção e um poder dramático de excepção. É de Salientar a ária final de extrema exigência em termos vocais e dramáticos que Gruberová, nesta altura com 58 anos, interpreta irrepreensivelmente.
O restante elenco é também satisfatório.



Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Nigel Kennedy

Nigel Kennedy nasceu em Brighton a 28 de Dezembro de 1956.

Considerado desde cedo na sua vida como um prodígio para a música, Kennedy aos 10 anos de idade tocava (imitava) no piano o pianista de jazz Fats Waller.

O seu interesse pelo violino e pela música erudita (clássica) tornam-se, no entanto, mais importantes e levam Kennedy a estudar com Yehudi Menuhin e mais tarde a partir para Nova Iorque, onde estudou na Juilliard School com Dorothy DeLay.

Com 16 anos é convidado por Stéphane Grappelli (um violinista do meio do jazz) para um concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque. Muito criticado pelos seus professores que temiam um retrocesso na sua carreira clássica, Kennedy aceita o convite e o concerto revela-se um sucesso.

O primeiro álbum de Kennedy surge em 1984, onde interpreta o Concerto para Violino de Elgar, no entanto, o violinista passou a ser mundialmente conhecido pela sua interpretação das "Quatro Estações" de António Vivaldi gravada em 1989 e que vendeu mais de dois milhões de cópias, valendo a Kennedy um lugar no Guinness Book of Records pelo álbum clássico mais vendido de sempre até aquela altura.

Depois de inúmeros concertos um pouco por todo o mundo, Kennedy publica uma auto-biografia em 1991 e retira-se dos palcos durante 5 anos. O regresso passado este tempo foi aclamado pela crítica.

Após vários lançamentos em CD e DVD, Kennedy resolve por em prática a sua paixão pelo jazz e grava o seu primeiro álbum, "Blue Note Sessions", inteiramente dedicado este género musical sob a chancela da Blue Note Records em Nova Iorque. Acompanham Kennedy, Ron Carter (que já tinha acompanhado Miles Davis) em contrabaixo, Jack DeJohnette na bateria e Joe Lovano no saxofone.

Talvez pela sua ligação ao jazz, o espírito de improviso que Kennedy associa às suas interpretações clássicas não é muito bem visto por alguns críticos. Este facto levou a que Kennedy praticamente se recuse a interpretar em Londres.

Críticas à parte, Nigel Kennendy, afirma-se actualmente como um violinista notável sendo as suas capacidade de improvisação e vivacidade de interpretação muito apreciadas por públicos de todas as idades. Aliás, Kennedy tem o mérito de atrair o público mais jovem aos seus concertos, o seu aspecto descontraído e irreverente, contribuem, certamente para este facto.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.geocities.com

Kennedy plays Bach

Lançado pela editora EMI em 2000, o CD "Kennedy plays Bach" constitui uma obra essencial para os amantes de Bach e é o melhor tributo de Nigel Kennedy a este compositor.

Johann Sabastian Bach nasceu em Eisenach (Alemanha) a 21 de Março de 1750.

Considerado hoje em dia um dos maiores compositores de sempre, Bach não viu o seu trabalho de composição apreciado ou aclamado durante a sua vida.

As composições de Bach integram-se no designado "Estilo Barroco" (1600 - 1750) que se caracteriza por uma ornamentação musical elaborada e que constituiu um desafio para os interpretes da época e obrigou à introdução de novas técnicas de interpretação (instrumental e vocal).

Das obras de Bach destacam-se o Cravo Bem Temperado que consiste em 48 prelúdios e fugas, A Arte da Fuga com 14 fugas e os famosos Concertos de Brandenburgo (inpirados nas composições de António Vivaldi para vários instrumentos).

Deste álbum fazem parte os seguintes concertos:

Concerto para Violino em Mi maior (BWV 1042)
Concerto para Oboé e Violino em Ré menor (BWV1060)
Concerto para Violino em Lá menor (BWV1041)
Concerto para dois Violinos em Ré menor (BWV1043)

Acompanham Kennedy Albrecht Mayer no Oboé, Daniel Strabrawa no violino e a Filarmónica de Berlim.

Muito ao estilo da época de Bach, Kennedy improvisa algumas partes destes concertos, nomeadamente no concerto em Mi maior e no concerto em La menor.

O sistema de numeração BWV

O registo das obras de Bach foi elaborado por Wolfgang Schmieder e é conhecido pela sigla BWV que significa Back Werke Verzeichnis (Catálogo de obras de Bach). O catálogo foi publicado em 1950.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.com

Vivaldi - The Four Seasons - Nigel Kennedy

Lançado pela EMI Classics em 2001, o DVD Vivaldi The Four Seasons, retrata a abordagem de Nigel Kennedy a uma das obras de António Vivaldi que o tornou mundialmente conhecido.

António Vivaldi nasceu em Veneza a 4 de Março de 1678 e é um dos compositores mais importantes do período Barroco. As quatros Estações contam-se entre as suas obras mais famosas.

Compostas em 1723 e publicadas em 1725, as Quatro Estações não são mais do que quatro concertos para violino e orquestra cada um deles composto por três andamentos, dois andamentos mais rápidos (Allegro ou Presto) e um andamento mais lento (Adágio ou Largo).

Vivaldi consegue transmitir em cada um destes concertos a sensações associadas a cada uma das quatro estações do ano. Aliás, para cada um dos concertos há um soneto que permite acompanhar a música. O autor destes sonetos é desconhecido, mas existe uma teoria de que terá sido o próprio Vivaldi a escrevê-los.

Assim:
Na primavera, talvez o concerto mais conhecido de Vivaldi, são-nos transmitidas sensações de bem estar como se estivéssemos num agradável ambiente campestre.
O verão começa com um certa calma, mas evolui para um tempestade, com relâmpagos, trovões e chuvas fortes (típico nas zonas mediterrânicas).
O Outono evoca uma dança, uma festa dos sentidos, uma diversão.
Finalmente no Inverno é-nos transmitida um sensação de ambiente gelado.


Fazem parte das Quatro Estações os seguintes concertos:

Concerto Nº 1 em Mi maior - Primavera
1 - Aleggro
2 - Largo
3 . Allegro Pastorale

Concerto nº 2 em Sol menor - Verão
1 - Allegro com molto
2 - Adagio e Piano - Presto Forte
3 - Presto

Concerto nº 3 em Fá maior - Outono
1 - Allegri
2 - Adagio molto
3 - Allegro

Concerto nº 4 em Fá menor - Inverno
1 - Allegro com Molto
2 - Largo
3 - Allegro

O DVD de Kennedy foi gravado em 1990, num concerto onde é acompanhado pela English Chamber Orchestra.

Para além do concerto, o DVD conta com uma entrevista de Kennedy onde o próprio nos dá a sua visão muito particular da obra de Vivaldi.

A English Chamber Orchestra é dirigida pelo próprio violinista que faz uma abordagem muito particular das Quatros Estações, com alguma improvisação nalguns andamentos e com alguma caracterização dos elementos da orquestra. Por exemplo quando é interpretado o Verão, os músicos estão de óculos de sol. Com esta abordagem, Kennedy tenta (e consegue) captar a atenção de um público mais jovem.

Com a sua irreverência e o seu estilo criativo, a abordagem de Kennedy à Quatros Estações de Vivaldi ficará, certamente na história.


Alberto Velez Grilo

foto: www.fnac.pt

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Elis Regina


Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre no Brasil, a 17 de Março da 1945.

Começou a sua carreira de cantora com apenas 11 anos de idade, num programa para crianças de uma rádio local.

Gravou o primeiro disco "Viva a Brotolândia" em 1961 com 16 anos.

Logo nesta altura, Elis Regina começou a afirmar-se como uma das maiores vozes do Brasil, com uma escolha muito cuidadosa de reportório, que incluía os grandes autores compositores dos estilos Bossa Nova e MPB (Música Popular Brasileira).

Durante os anos 60, 70 e 80, Elis construiu uma carreira bastante sólida, baseada no perfeccionismo técnico e na emoção e energia que transmitia nos seus concertos.

Da sua curta, mas assombrosa carreira, destaca-se em 1975 o espectáculo "Falso Brilhante", que mais tarde originou um disco com o mesmo nome e que ficou um ano em cartaz com perto de 300 apresentações. Desatacam-se também as suas participações em várias edições do "Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) e no especial "Mulher 80" (Rede Globo).

Um outro mérito de Elis Regina, foi ter lançando vários compositores brasileiros desconhecidos até então. Nomes como Milton Nascimento, Renato Teixeira, Gilberto Gil e João Bosco, hoje amplamente conhecidos, muito devem à cantora a sua apresentação e aceitação dos públicos brasileiro e internacional.

Ao lado de uma carreira brilhante, Elis criticou muitas vezes a ditadura Brasileira (Anos de Chumbo) e a perseguição política que era feita pelo regime aos músicos. Diz-se que foi a sua popularidade que a manteve fora da prisão.

Políticas à parte, Elis Regina ficará para a história como uma cantora de grande qualidade técnica e com um sentido artístico muito apurado. Temas como Arrastão, Corcovado, Aquarela do Brasil, Águas de Março e Rebento, entre outros, ficarão para sempre gravados na memória do publico brasileiro e internacional que tanto a apreciou.

Elis morre no dia 19 de Janeiro de 1982 aos 36 anos, devido a problemas de saúde relacionados com o abuso de drogas e alcoól.


Alberto Velez Grilo

Foto: atuleirus.weblog.com.pt
Texto baseado no livro Os Caminhos do Jazz de Guido Boffi.

Elis Regina - Montreux Jazz Festival

Lançado pela Warner Music Brasil em 2001, este CD é um relato hitórico da passagem de Elis Regina pelo "Festival de Jazz de Monterux" em 1979.

Neste ano Elis Regina era a cabeça de Cartaz da "Noite Brasileira" do Festival e o seu concerto encontrava-se há muito tempo esgotado. Face à insistência da organização, Elis decide fazer uma matinée no dia do concerto.

A matinée esgotou e Elis encantou. Diz-se que este espectáculo foi como um ensaio geral para o espectáculo que ocorreria durante a noite.

Elis esteve soberba na matinée. Cantou com segurança e com técnica, mas com alguma contenção emocional, os temas que já a tinham celebrizado junto do publico brasileiro e que tiveram muito boa aceitação junto do publico internacional do Festival.

A "noite Brasileira" iniciou-se com uma actuação do pianista Hermeto Paschoal, muito conhecido do meio Jazzistíco internacional, que com a sua banda de músicos fez a casa vir abaixo. No final desta parte do espectáculo o publico aplaudiu Hermeto durante mais de 15 minutos.

O êxito de Hermeto Paschoal, colocou alguma pressão em Elis que se apresentaria logo de seguida. Elis entrou em palco nervosa e pouco emotiva. Conta-se que ao fim dos primeiros 10 minutos de actuação se encontrava exausta. Cantou com precisão mas sem emoção. O público apreciou a sua apresentação mas os aplausos foram mais comedidos. Hermeto tinha ganho a noite.

Quando Elis sai de palco o apresentador chama de novo Hermeto e, surpresas das surpresas, chama também Elis. Os dois talentos estavam assim juntos em palco para fechar a noite. Elis, contrariada, acedeu e entrou em palco.

Hermeto começa a tocar "Corcovado" e quando Elis começa a cantar, o experimentado músico de Jazz, começa a mudar harmonias a e improvisar no piano. Elis acompanha, desafiando o pianista, cresce a cada nota, improvisa. Segue-se "Garota de Ipanema" que Elis detestava e que tinha afirmado que nunca cantaria. Hesita, mas resolve cantar. Canta em português e em inglês. O público entra em delírio.

No final dos espectáculo Elis faz André Midani, o seu produtor, prometer que nunca lançaria em disco o concerto do Festival.

No entanto, Elis morre três anos mais tarde, e André Midani, resolve quebrar a promessa e lançar em 84 um LP onde juntou algumas músicas da matinée com os temas interpretados com Hermeto.

Em 2001, lança este CD com base no LP e em mais algumas músicas da matinée.

Assim, do CD fazem parte os seguintes temas:

Cobra Criada - João Bosco, Paulo Emílio
Cai Dentro - banden Powell, Paulo César Pinheiro
Madalena - Ivan Lins, Ronaldo Monteiro
Ponta de Areia - Milton Nascimento, Fernando Brant
Fé Cega Faca Amolada - Milton Nascimento, Fernando Brant
Maria Maria - Milton Nascimento, Fernando Brant
Na Baixa do Sapateiro - Ary Barroso
Upa Neguinho - Edu Lobo, Gianfranciesco Guarnieri
Corcovado - Tom Jobim
Garota de Ipanema - Tom Jobim, Vinícius de Moraes
Asa Branca - Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira
Amor Até ao Fim - Gilberto Gil
Mancanda - Gilberto Gil
Samba Do brado - Djavan
Rebento - Gilberto Gil
Águas de Março - Tom Jobim
Onze Fitas - Fátima Guedes
Agora Tá - Tunai, Sérgio Natureza


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.com
Texto baseado na documentação incluido no CD da autoria de Nelson Motta.

Elis Regina Carvalho Costa - Série Grandes Nomes TV Globo

Reeditado em 2005 pela Vidisco, o DVD Elis Regina Carvalho Costa, está incluído numa série de concertos realizados pela TV Globo (Brasil) denominada Grande Nomes TV Globo.

A gravação ocorreu no dia 3 de Outubro de 1980, uma ano depois da passagem de Elis pelo Festival de Montreux.

Com um cenário fora do comum, Elis apresenta-se como artista de circo, numa tenda de chita.

O DVD inclui também uma entrevista com Daniel Filho que dirigiu a realização do espectáculo para a TV Globo. Nesta entrevista está bem patente o papel de Elis Regina no meio musical brasileiro.

Fazem parte do concerto os seguintes temas:

Abertura. Arratão (Instrumental) - Edu Lobo, Vinícios de Moraes
Querelas da Brasil - Maurício Tapajóes, Aldir Blanc
Agora Tá - Tunai, Sérgio Natureza
Alô, Alô Marciano - Rita Lee, Roberto de Carvalho
Essa Mulher - Joyce, Ana Terra
Atrás da Porta - Chico Buarque, Francis Hime
Cadeira Vazia - Lupicinio Rodrigues, Alcides Gonçalves
Conversando no Bar - Milton Nascimento, Fernando Brant
O Bêbado e a Equilibrista - João Bosco, Aldir Blanc
Aos Nossos Filhos - Ivan Lins, Vítor Martins
Modinha - Tom Jobim, Vinícius de Moraes
Rebento - Gilberto Gil
Aquarela do Brasil - Ary Barroso
O que Foi Feito Devera - Milton Nascimento, Frenando Brant
Redescobrir - Gonzaguinha

Acompanham Elis:

César Camargo Mariano - Arranjo e piano
Sérgio Henriques - Teclados
Nonô Camargo - Trompete
Cláudio Faria - Trompete
Octávio Bangla Sax Tenor
Don Chacal - Bateria
Paulo Garfunkel - Sax Alto, Flauta, Clariente
Chiquinho Brandão - Flauta
Natan Marques - Guitarra
Kzam Gama - Baixo
Bocato - Trombone
Picolé - Bateria
Lino Simão - Sax Tenor



Alberto Velez Grilo

Foto: www.fnac.com