terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Roberto Devreux - Gruberová, Schagidullin, Piland, Aronica, Friedich Haider

A Deutche Grammophon lançou em 2006 este DVD com uma récita da ópera Roberto Devereux de Gaetano Donizetti, gravada em 2005 na Ópera da Baviera em Munique.

A ópera Roberto Devereux faz parte de um conjunto de óperas que Donizetti dedicou às Rainhas Tudor, nomeadamente, Anna Bolena, Elisabeth I (Roberto Devereux) e Mary Stuart (Maria Stuarda).

Não sendo uma ópera muito representada nos dias que correm, Roberto Devereux, é, sem dúvida, um dos trabalhos de referência do Bel Canto e uma das melhores e mais dramáticas óperas de Donizetti. A exigência em termos vocais e dramáticos para o soprano que interpreta a personagem de Elisabeth I (ou Elisabetta do libretto em Italiano) será demasiado elevada para a maioria dos sopranos.

Com libretto de Salvatore Cammarano (que terá sido acusado de plagiar Felice Romani), a ópera retrata a infelicidade amorosa de Isabel I, Rainha de Inglaterra, ao ver-se traída por Roberto Devereux, Conde de Essex.

Roberto Devereux já tinha sido tema de pelo menos 3 peças teatrais francesas e embora não seja historicamente preciso, revela-se um drama com bastante interesse.

A historia envolve quatro personagens principais, Elisabetta (Rainha Isabel I de Inglaterra), Roberto Devereux (Conde de Essex), o Duque de Nottingham e Sara (Duquesa de Nottingham). Roberto e Sara estão apaixonados, mas a Rainha, que gosta de Roberto, força Sara, sua amiga e confidente, a casar-se com o Duque de Nottingham enquanto Roberto combate na Irlanda.
Roberto regressa a Inglaterra, mas é acusado de traição pelo Conselho da Rainha. No entanto, esta está disposta a perdoá-lo se ele aceitar o seu amor. Roberto não está disposto a trair Sara e é condenado à morte pela Rainha.
O Duque de Nottingham descobre que Sara e Roberto são amantes, por causa de um lenço azul que vira Sara bordar e que mais tarde encontra nas mãos de Roberto. Sara tenta falar com a Rainha para lhe contar que é a sua rival, mas que está disposta a abdicar do seu amor para salvar Roberto. No entanto o Duque impede-a de sair. Quando Sara consegue por fim falar com a Rainha é tarde demais. Roberto acaba de ser executado.
A ópera termina com a Rainha num acesso de loucura a afirmar que não reinará mais. É nesta altura que canta a ária "Quel sangue versato al cielo", uma das árias mais difíceis do reportório Belcantista.

Do elenco desta récita fazem parte os seguinte interpretes:

Elisabetta (Rainha de Inglaterra) - Edita Gruberová
Il Duca di Nottingham - Albert Schagidullin
Sara - Jeanne Piland
Roberto Devereux - Roberto Aronica
Lord Guglielmo Cecil - Steven Humes
Paggio di Roberto - Nikolay Borchev
Giacomo (Rei da Escócia) - Johannes Klama

O coro e a Orquestra da Ópera da Baviera são dirigidos por Friedrich Haider.

A encenação a cargo de Christof Loy está longe de ser consensual. A acção é transportada para a actualidade, com um escritório como cenário. As personagens vestem sobriamente. Homens e mulheres de fato cinzento ou azul escuro. Um toque de cor somente na personagem de Elisabetta.
Este tipo de encenação, muito ao estilo europeu não é muito apreciada por muitos críticos e por alguns públicos, nomeadamente americanos. Para o público europeu, mais habituado a este novo tipo de abordagem cénica, Christof Loy sai, certamente, com um saldo bastante positivo. Esta encenação valeu-lhe o prémio de Director do Ano atribuído pela revista alemã Opernwelt.

Gruberová interpreta Elisabetta com muita convicção e um poder dramático de excepção. É de Salientar a ária final de extrema exigência em termos vocais e dramáticos que Gruberová, nesta altura com 58 anos, interpreta irrepreensivelmente.
O restante elenco é também satisfatório.



Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk

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