terça-feira, 25 de março de 2008

Wolfgang Amadeus Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart nasceu a 27 de Janeiro de 1756 na cidade de Salzburgo, na Áustria. O último dos 7 filhos de Leopold Mozart e Anna Maria Pertl Mozart, foi baptizado um dia depois, na Catedral de São Ruperto, com o nome de Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart. Mozart passou a vida a mudar a forma como se chamava e a forma como era chamado pelos outros.

Fez, mais tarde,modificações ao seu nome, em especial o nome do meio, "Theophilus". Só em raras ocasiões usou a versão latina deste nome, "Amadeus", que hoje se tornou a mais vulgar. Preferia a versão francesa Amadé ou Amadè. Usou também as formas italiana "Amadeo" e alemã "Gottlieb".

Mozart foi uma criança prodígio. Filho de uma família musical burguesa, começou a compor minuetos para cravo com a idade de cinco anos. O seu pai Leopold Mozart foi também compositor, embora de menor relevo. Algumas das primeiras obras que Mozart escreveu enquanto criança foram duetos e pequenas composições para dois pianos, destinadas a serem interpretadas conjuntamente com sua irmã, Maria Anna Mozart, conhecida por Nannerl.

Em 1763 o seu pai levou-o, conjuntamente com a sua irmã Nannerl, numa viagem pela França e Inglaterra. Em Londres, Mozart conheceu Johann Christian Bach, último filho de Johann Sebastien Bach, que exerceria grande influência em suas primeiras obras.

Entre 1770 e 1773 visitou a Itália por três vezes. Lá, compôs, com apenas 14 anos, a ópera Mitridate Re di Ponto que obteve um êxito apreciável. A eleição, em 1772, do conde Hieronymus Colloredo como arcebispo de Salzburgo mudaria esta situação. A Sociedade da Corte vienense implicava com a origem burguesa e os modos de Mozart, e Colloredo não admitia que um mero empregado, que era o estatuto dos músicos, nessa época, passasse tanto tempo em viagens ao estrangeiro. O resto dessa década foi passado em Salzburgo, onde cumpriu os seus deveres de "Konzertmeister" (mestre de concerto), compondo missas, sonatas de igreja, serenatas, divertimentos e outras obras. Mas o ambiente de Salzburgo, cada vez mais sem perspectivas, levava a uma constante insatisfação de Mozart com a sua situação.

Em 1781, Colloredo ordena a Mozart que se junte a ele e à sua comitiva em Viena. Insatisfeito por ser colocado entre os criados, pediu a demissão. A partir daí passa a viver da renda de concertos, da publicação das suas obras e de aulas particulares, sendo pioneiro nessa tentativa autónoma de comercialização da sua obra. Inicialmente tem sucesso, e o período entre 1781 e 1786 é um dos mais prolíficos da sua carreira, com óperas (Idomineo e O Rapto do Serralho), as sonatas para piano, música de câmara e, principalmente, com uma deslumbrante sequência de concertos para piano. Em 1782 casa, contra a vontade do pai, com Constanze Weber, cantora lírica por quem Mozart se apaixonara poucos anos antes.

Em 1786, compõe a primeira ópera em que contou com a colaboração de Lorenzo da Ponte: As Bodas de Fígaro. A ópera fracassa em Viena, mas faz um sucesso tão grande em Praga que Mozart recebe uma encomenda de uma nova ópera. Esta seria Don Giovanni, considerada por muitos a sua obra-prima. Mais uma vez, a obra não foi bem recebida em Viena. Mozart ainda escreveria Così Fan Tutte, com libreto de Da Ponte, em 1789, esta seria a sua última colaboração com este librettista.

A partir de 1786 a sua popularidade começou a diminuir junto do público vienense, o que agravaria a sua condição financeira. Isso não o impediu de continuar a compor obras-primas, como Quintetos de cordas e Sinfonias, mas nos seus últimos anos a sua produção declinou devido a problemas financeiros, à precariedade da sua saúde e da sua esposa Constanze.

Em 1791 compõe suas duas últimas óperas (A Flauta Mágica e A Clemência de Tito), o seu último concerto para piano e o concerto para clarinete em lá maior. Na primavera desse ano, recebe a encomenda de um Requiem. Contudo, trabalhando noutros projetos e com a saúde cada vez mais enfraquecida, morre a 5 de Dezembro, deixando a obra inacabada (há uma lenda que diz que o Requiem estaria sendo composto para tocar em sua própria missa de sétimo dia). Será completado por Franz Süssmayr, seu discípulo. Mozart é enterrado numa vala comum, em Viena.


Alberto Velez Grilo

Foto: Wikipedia
Texto baseado em artigos da Wikipedia

A Flauta Mágica (Die Zauberflote) - W.A. Mozart

Lançado pela Decca em 1993 e com reedições posteriores, este duplo CD contém uma gravação de estúdio de uma das últimas óperas compostas por Mozart, A Flauta Mágica ou, do libretto em alemão, Die Zauberflote.

A Flauta Mágica é uma ópera em dois actos, com libretto alemão de Emanuel Schikaneder. Foi estreada no Theater auf der Wieden em Viena no dia 30 de Setembro de 1791.

Na ópera existem dois casais, Papageno e Papagena, que simbolizam o lado comum da humanidade, e Tamino e Pamina, simbolizando a pureza do primeiro amor. O contexto é uma luta entre a Rainha da Noite, que ambiciona o poder, e Sarastro, o grande sacerdote que só pratica o bem. Para Sarastro trabalha, porém, o mouro Monostatos, que tenta seduzir Pamina e se alia à Rainha da Noite.

A obra começa com Tamino perdido na floresta, onde encontra Papageno, um homem alegre que aprecia os prazeres da vida e trabalha para a Rainha da Noite. Deste encontro Tamino fica a saber que Pamina, filha da Rainha da Noite, foi sequestrada por Sarastro e, apaixonado pela sua beleza, decide resgatá-la.

Na sequência, ambos passam por várias provas antes de se poderem encontrar. Papageno também passa por um tipo de prova antes de encontrar Papagena, e este contraponto cómico do homem comum que se comporta de modo diferente do príncipe diante das adversidades, é o lado cômico que faz esta ópera tão popular.

Fazem parte do elenco deste CD:

Sarastro - Kritinn Sigmundsson
Tamino - Kurt Streit
Rainha da Noite - Sumi Jo
Pamina - Barbara Bonney
Papageno - Gilles Cachemaille
Papagina - Lillian Watson
Monostatos - Martin Petzold

Arnold Ostman dirige o coro e orquestra do Court Theatre.

Destacam-se as interpretações de Barbara Bonney como Pamina e de Sumi Jo como Rainha da noite. As vozes revelam-se apropriadas para cada uma das personagens. Barbara Bonney muito consistente e Sumi Jo com uma coloratura perfeita nas duas famosas árias da Rainha da Noite.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk
Texto baseado em artigos da Wikipedia e literatura incluída no CD

Mitridate Re di Ponto - W.A. Mozart

Lançado pela Euroarts em 2006, este DVD apresenta uma récita da ópera Mitridate Re di Ponto ocorrida no Teatro da Opéra Nacional de Lyon em 1986.

Mitridate é a quinta ópera de Mozart, conta com libretto italiano de Vittorio Amadeo Cigna-Santi e estreou em Milão em Dezembro de 1770, quando o compositor tinha apenas 14 anos.

Apesar da tenra idade de Mozart, a ópera foi um sucesso na altura da sua estreia. Ao contrário de algumas óperas posteriores que aquando da estreia não tiveram muito sucesso e que hoje são bastante mais apresentadas que Mitridate nos teatros de ópera.

A acção da ópera decorre na Crimeia segundo século A.C., durante o conflito entre Roma e Pontus. Mitridate, sofreu uma forte e pesada derrota numa batalha e é dado como morto. Estas falsas notícias são passadas por Arbate, o Governador, para a noiva de Mitridate, Aspasia, e para os seus filhos, Farnace e Sifare.

Farnace e Sifare estão ambos apaixonados por Aspasia e com a notícia da morte do Rei Mitridate, ambos tentam conquistar o seu coração. Aspasia prefere Sifare, de melhor temperamento, ao contrário de Farnace que se revela sem escrúpulos.

Com a notícia de que o Rei afinal está vivo, ambos os irmãos se comprometem a esconder os seus sentimentos, por respeito a seu pai.

O Rei chega com Ismene, prometida de Farnace, e é imediatamente informado do que se passa com Aspasia. Fica, no entanto a pensar que o seu preferido é Farnace e não Sifare.

Ismene informa Mitridate que Farnace não está interessado nela e sugere casar-se com Sifare. Para testar Aspasia, Mitridate sugere-lhe que se casem imediatamente. Aspasia fica relutante o que prova a sua infidelidade. Entretanto Farnace propõe ao Rei um acordo com Roma. O Rei recusa e acusa o filho de traição. Vendo-se cercado, Farnace revela ao pai que Aspasia está apaixonada é por Sifare.

Mitridate consegue comprovar que Aspasia ama Sifare e acusa o filho de traição. Face a estes acontecimentos, Aspasia pretende suicidar-se. Sifare, vendo-se impossibilitado de concretizar o seu amor, pretende também morrer, mas a lutar ao lado do pai. Farnace que tinha sido preso por traição, arrepende-se e é libertado, partindo também para lutar com o Mitridate.

No final o Rei morre em combate e perdoa ambos os filhos. Todos prometem vingar o Rei contra Roma.

Com um libretto algo complicado, Mitridate prima pelas suas árias. Existe apenas um dueto e um coral.

Os papeis de Sifare e Arbate eram na altura interpretados por sopranistas (homens com voz de soprano) e o de Farnace por um contralto masculino. Nesta encenação os três papeis são interpretado por vozes femininas, se bem que existem apresentações em que Farnace é representado por um contra-tenor.

Do elenco fazem parte:

Mitridate - Rockwell Blake
Aspasia - Yvonne Kenny
Sifare - Ashley Putnam
Farnace - Brenda Boozer
Ismene - Patricia Rozario
Marzio - Chistian Papis
Arbate - Catherine Dubosc

Coro e orquestra da Opéra de Lyon dirigidos por Theodor Guschlbauer. Encenação de Jean-Claude Fall.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.amazon.co.uk
Texto baseado em artigos da Wikipedia e literatura incluída no DVD

terça-feira, 18 de março de 2008

Breakfast on the Morning Tram Stacey Kent

Breakfast on the Morning Tram é o último trabalho de uma das cantoras mais promissoras no meio do Jazz da actualidade.

Stacey Kent nasceu no Estados Unidos da América em 1968 e o início da sua carreira musical aconteceu por acaso quando conheceu Jim Tomlinson (actualmente seu marido) na Inglaterra a propósito de um trabalho de mestrado que estava a realizar na área da humanidades (francês, italiano e alemão).

O interesse que ambos partilham pela música, nomeadamente pelo jazz, revelou-se particularmente importante para Stacey e impulsionou o início da sua carreira como cantora.

Em 1997 é lançado o seu primeiro álbum, Close Your Eyes, que recebe óptimas críticas e desperta imediatamente o interesse do público.

Seguem-se vários trabalhos considerados como referência e aos quais é reconhecido o mérito nomeadamente com a atribuição de vários prémios do meio musical. Álbuns como The Boy Next Door, The Lyric e Brasilian Sketches são um exemplo.

O álbum Breakfast on the Morning Tram foi lançado no final de 2007 pela editora discográfica Blue Note, com que a cantora assinou contrato em 2006.

Fazem parte do álbum os seguintes temas:

The Ice Hotel - Jim Tomlinson, Kazuo Ishiguro
Landslide - Stevie Nicks
Ces Petits Riens - Serge Gainsbourg
I Wish I Could Go Travelling Again - Jim Tomlinson, Kazuo Ishiguro
So Many Stars - Sergio Mendes, M & A Bergman
Samba Saravah - Baden Poewell, P. Barouh, Vinícius de Moraes
Breakfast on the Morning Tram - Jim Tomlinson, Kazuo Ishiguro
Never Let Me Go - Jay Livingston, Ray Evans
So Romantic - Jim Tomlinson, Kazuo Ishiguro
Hard Hearted Hannah - Bob Bigelow, Charles Bates, Jack Yellen, Milton Ager
La Saison des Pluies - Elek Bacsik, Serge Gainsbourg
What a Wonderful World - G. Douglas, G.D. Weiss, B. Thiele

Stacey Kent é acompanhada por:

Grahem Harvey - Piano
John Parricelli - Guitarra
Dave Chamberlain - Baixo
Matt Skelton - Bateria e Percussão
Kim Tomlinson - Saxofones tenor, alto e soprano e flauta

Com o reportório escolhido pode dizer-se que Stacey Kent cresceu. Num artigo de Robert G. Kaiser presente no próprio CD pode ler-se: "O que acontece quando um artista já consagrado consegue ultrapassar-se a si próprio? Coloque este disco no seu leitor de CD's e descubra".

Ao contrário do que aconteceu em trabalhos anteriores, em Breakfast on the Morning Train, Stacey Kent não utiliza tanto os temas do "Great American Songbook" e apresenta quatro temas originais concebidos expressamente para a sua voz com letra de Kazuo Ishiguro e música de Jim Tomlinson.

Para além dos quatro temas referidos, fazem parte do álbum três canções interpretadas em francês, das quais se destaca Samba Saravah com música de Baden Poewell e Vinícius de Moraes e letra de P. Barouh que faz parte da banda sonora do filme de 1966 "A Man and a Woman". Stacey Kent brinda-nos assim, com um samba cantado em francês. Aliás, a cantora sempre revelou uma forte inspiração na música brasileira, nomeadamente no samba, bossa nova e MPB (o álbum Brazilian Sketches é disso um exemplo).

Do "Great American Songbook" existem três temas, destacando-se a interpretação de "What a Wonderful World" celebrizada por Louis Armstrong.

Com todos estes condimentos, Breakfast on The Morning Tram constitui um álbum de referência no meio Jazzístico e mostra-nos uma Stacey Kent mais madura e com a qualidade vocal que sempre a caracterizou.

A cantora esteve em Portugal este mês para apresentação do álbum, com concertos no Porto, Lisboa, Ponta Delgada e Alcobaça. Numa pequena entrevista dada a um canal de televisão português, afirma a sua inspiração em temas portugueses e brasileiros e a sua vontade de aprender a língua. Fiquemos então à espera de ouvir o português de Stacey Kent.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.fnac.pt

3 Pianos - Sassetti, Laginha, Burmester

Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Pedro Burmester, juntaram-se uma vez mais, desta feita no Centro Cultural de Belém, para um concerto memorável, lançado no final de 2007 em DVD pelos vídeos RTP.

Apresentam-se, assim, ao público dois pianistas que já vêm há alguns anos a trabalhar em conjunto na área do Jazz (Sassetti e Laginha) com Pedro Burmester que durante toda a sua carreira de mais de mil concertos se dedicou à música erudita.

A combinação não poderia ser mais perfeita, para o reportório escolhido. Os temas interpretados com mais ou menos improvisação uma vez vão do erudito ao jazz, do clássico ao contemporânea, de Bach a Laginha.

Fazem parte do concerto os seguintes temas:

Perpetuum Mobile - Béla Bartók
Souvenirs (1ª parte) - Samuel Barber
Tema para uma Leitura Encenada - Bernardo Sassetti
Variações Goldber / ária e 13ª variação - J.S. Bach
Vijag - Aln Hovhaness
A Menina e o Piano - Mário Laginha
Fantasia kv 385 g (397) - W.A. Mozart
Souvenirs (2ª parte) - Samuel Barber
O Sonho dos Outros - Bernardo Sassetti
Trás Outro Amigo Também - José Afonso
Variações Goldberg 25ª variação - J.S. Bach
Fado - Mário Laginha
Bolero - Maurice Ravel
Bahianinha - Bernardo Sassetti
L'Embarquement pour Cithére - Francis Poulenc
Perpetuum Mobile - Béla Bartók

Do DVD faz também parte um entrevista com os três pianistas que constitui uma boa introdução ao concerto e que mostra a abordagem de cada um. Da entrevista faz parte uma improvisação em piano a quatro mãos com Sassetti e Laginha.



Alberto Velez Grilo

Foto: www.fnac.pt

terça-feira, 11 de março de 2008

Juan Diego Flórez - Tenor

Juan Diego Flórez, tenor, nasceu em Lima no Peru a 13 de Janeiro de 1973. Filho do cantor e guitarrista peruano Rubén Flórez, o cantor teve contacto com a música e o canto muito cedo na sua vida. A sua mãe era gerente de um "pub" em Lima e Juan Diego foi, durante a sua juventude, cantor substituto nesse mesmo local, cantando sempre que um outro cantor desistisse da sua apresentação.

Numa entrevista, Juan Diego Flórez comenta que esta experiência foi muito enriquecedora, mesmo que o seu reportório na altura não fosse clássico ou lírico (interpretava temas populares).


Tendo em vista seguir uma carreira na música popular, entra no Conservatório Nacional de Música de Lima com 17 anos. Nos seus estudos de canto, a sua voz lírica salientou-se de imediato. Um pouco mais tarde integra o Coro Nacional do Peru onde interpretou como solista algumas obras de Mozart e de Rossini.

Em 1993 parte para Filadélfia com uma bolsa de estudo para o Curtis Institute, onde permaneceu até 1996. Foi nesta altura que começou a interpretar o reportório Belcantista que mantém até hoje, nomeadamente óperas de Rossini, Bellini e Donizetti. Durante este período estudou também com o Mezzo Soprano Marilyn Horne, um dos grande nomes de sempre do Bel canto, na Music Academy of the West (Santa Barbara).

Em 1994 é convidado pelo pelo tenor peruano Ernesto Palacio para integrar o elenco de uma gravação da ópera Il Tutore Burlato de Vicente Matín y Soler. Ernesto Palacio passou a ser professor e "manager" de Juan Diego Flórez e foi talvez a pessoa que mais o influenciou na sua carreira.

Como acontece muitas vezes no mundo da ópera, os novos cantores são descobertos pelo público quando têm que substituir outros, devido a imprevistos de última hora. Tal facto aconteceu a Flórez em 1996 quando foi chamado a substituir Bruce Ford numa récita da ópera de Rossini Matilde di Shabran no Festival Rossini de Pesaro. O sucesso foi de tal forma que ainda no mesmo ano, o tenor debutou num dos maiores palcos operáticos do mundo, o Teatro alla Scala de Milão.

Seguem-se as primeiras apresentações no Covent Garden (Londres), na Ópera de Viena e no Metropolitan de Nova Iorque.

Desde o início da década de 2000, Juan Diego Flórez é presença constante nos mais importantes palcos operáticos do mundo. O seu reportório inclui quase exclusivamente óperas do período designado por Bel canto, nomeadamente dos compositores Rossini, Bellini e Donizetti.

No que respeita aos aspectos técnicos da sua voz, Juan Diego Flórez pode ser considerado um tenor Lírico Ligeiro (do italiano Tenor Lirico Leggero), isto é, a sua voz tem um registo agudo de grande qualidade, com agudos cristalinos, vibrantes e de potência considerável. Um registo médio de volume inferior a um tenor Lírico, mas com mais agilidade, e um registo grave medianamente desenvolvido e com volume inferior ao do registo médio.

Com estas características vocais pode-se dizer que o tenor tem escolhido o seu reportório de forma bastante inteligente, apresentado-se em papeis aos quais a sua voz está mais adaptada.

Juan Diego Flórez esteve em Portugal apenas uma vez num recital realizado a 16 de Abril de 2003 no Teatro Nacional de S. Carlos. Acompanhado pela Orquestra Sinfónica Portuguesa do Teatro Nacional de S. Carlos e pelo coro do mesmo, o Tenor, dirigido pelo Maestro Riccardo Frizza arrebatou o público português com a sua capacidade vocal.


Alberto Velez Grilo

Foto: Trevor Leighton - Decca
Texto baseado em artigos da Wikipedia e conteúdos do site www.juandiegoflorez.com

Arias for Rubini - Juan Diego Flórez

"Arias for Rubini" é o trabalho mais recente do tenor Juan Diego Flórez no que respeita a gravações de estúdio editadas em CD.

Lançado pela editora Decca em Setembro de 2007, "Arias for Rubini" é um tributo de Juan Diego Flórez a um dos maiores tenores de sempre, Giovanni Battista Rubini.

Rubini nasceu em Bergamo (Itália) em 1794. Notabilizou-se pela sua capacidade vocal no registo agudo, o que levou vários compositores do século IXX a escreverem papéis nas suas óperas especialmente para a sua voz. Tais papeis, por incluírem passagens de extrema agilidade num registo muitíssimo agudo, sempre foram muito difíceis de interpretar. De entre os compositores que escreveram para Rubini, salientam-se Rossini e Bellini. Na sua ópera I Puritani, Bellini inclui na ária de tenor um fá sobre-agudo que ainda hoje é evitado pela maioria dos intérpretes. Para se fazer uma ideia do grau de dificuldade em atingir esta nota, basta referir que a nota aguda de referência para tenor é um dó (o famoso dó de peito).

Viajando por vários países da Europa, Rubini terá sido o primeiro cantor lírico a tornar-se uma "estrela" dentro e foram dos palcos de ópera. Juan Diego Flórez em entrevista afirma mesmo que Rubini foi a primeira "opera pop star".

Neste trabalho, o tenor interpreta as mais famosas árias interpretadas ou escritas para Rubini de autoria dos compositores Rossini, Bellini e Donizetti.

O Cd incluí árias das seguintes óperas:

Il Pirata - Bellini
Elisabetta, regina d'Inghilterra - Rossini
Marino Faliero - Donizetti
Il Turco in Italia - Rossini
Bianca e Fernando - Bellini
La Donna del Lago - Rossini
Guglielmo Tell - Rossini

Acompanham o tenor a Orquestra e o Coro dell'Academia Nazionale di Santa Cecilia sob a direcção do Maestro Roberto Abbado.

Com uma voz de características idênticas à de Rubini, o trabalho de Juan Diego Flórez não pode ser considerado abaixo de excelente. A sua técnica de alto nível permite-lhe interpretar este reportório de forma extremamente segura e com uma vivacidade e precisão inigualáveis nos dias que correm.

Para os apreciadores de vozes agudas e do reportório de Bel canto mais arrojado, este CD deverá ser uma obra de referência.

Como curiosidade fica a referência a que a nota mais aguda incluída no CD é um mi bemol na ária "All'udir del padre afflitto" da ópera Bianca e Fernando de Bellini. Ficamos ainda a aguardar pelo fá da ária da ópera I Puritani de Bellini.

Alberto Velez Grilo

Foto: Decca

La Fille du Regiment - Flórez, Ciofi,Franci, Ulivieri, Frizza

A Decca lançou em 2006 este DVD com uma récita da ópera La Fille du Regiment de Gaetano Donizetti, ocorrida nesse mesmo ano no Teatro Carlo Felice de Génova.

La Fille du Regiment é uma ópera cómica em dois actos, cuja primeira apresentação pública ocorreu em Paris em 1840, altura em que o compositor italiano vivia nesta cidade. O libretto francês (há também uma versão italiana, mas que é menos apresentada) é de Georges Henry Vernoy de Saint-Georges e Jean-Francois Bayard.

A acção decorre na Áustria no período das invasões Napoleónicas, onde o exército francês combate as tropas inimigas. Criada pelo 21º regimento das tropas francesas, Marie vive feliz, apesar das vicissitudes da guerra. Um dia encontra Tonio, um jovem tirolês por quem se apaixona.

Considerando-se filha de todo o regimento, uma vez que nunca conheceu os país, Marie e Tonio conseguem o consentimento de todos o soldados para namorarem e virem mesmo a casar. Para tal Tonio tem mesmo que se alistar nas tropas francesas.

No entanto, algo corre mal neste romance. A Marquesa de Berkenfield apresenta-se ao regimento como tia de Marie e insiste em leva-lá para o seu castelo onde poderá dar-lhe uma educação adequada ao seu estatuto social. Marie teima em não acompanhar a suposta tia, mas acaba por ceder por falta de argumentos.

Já no Castelo de Berkenfield, Marie vive infeliz e sente-se só. As aulas de canto e boas-maneiras são um aborrecimento. Para complicar ainda mais a situação, a tia arranja um noivo para Marie, o Duque de Krakenthorp.

Na festa de noivado, Tonio consegue falar com a Marquesa e implora-lhe que o deixe casar com Marie. A Marquesa revela-se inflexível. No entanto, o Sargento Sulpice (que comanda o 21º regimento) vem desde há algum tempo a encantar o coração da Duquesa. Num ataque de fraqueza, esta conta-lhe que não é tia mas sim mãe de Marie e que pretende ver a sua filha feliz.

No final, a festa de noivado é interrompida e Marie pode concretizar o seu amor por Tonio.

De argumento muito simples, La Fille du Regiment não deixa de ser uma ópera com todos os condimentos para que os cantores possam demonstrar todas as suas capacidades vocais e de interpretação.

Momentos altos na ópera, são a ária para tenor "Ah mes amis que jour de fête", onde o interprete tem que executar nove "dós de peito", e a lição de canto, onde a soprano, além de ter que executar trechos de extrema dificuldade técnica, com passagens muito agudas, tem ainda que fazer o público rir, visto ser esta uma das partes mais cómicas de toda a ópera.

A récita apresentada neste DVD tem como elenco principal:

Marie - Patrizia Ciofi
Tonio - Juan Diego Flórez
La Marquise de Berkenfield - Francesca Franci
Hortensius - Dario Benini
Sulpice - Nicola Ulivieri

A Orquestra e o Coro do Teatro Carlo Felice são dirigidos pelo Maestro Riccardo Frizza e a encenação esteva a cargo de Emílio Sagi

De entre todos os intérpretes destaca-se, sem dúvida, Juan Diego Flórez no papel de Tonio. O tenor tem vindo já há alguns anos a destacar-se na interpretação desta ópera, nomeadamente na ária "Ah mes amis que jour de fête". Nesta récita, a ária é interpretada de forma soberba, com uma voz segura, um timbre apropriado e um registo agudo perfeito. Os nove "dós de peito" arrebatam os maiores aplausos do público a quem o tenor oferece um "encore". Ou seja, Juan Diego Flórez interpreta dezoito "dós de peito" em apenas alguns minutos.

A soprano Patrizia Ciofi tem uma boa prestação na récita. Com uma técnica bastante aceitável e um registo agudo agradável e sem esforço. Talvez lhe falte um pouco de imaginação e graça na cena da lição de canto.

A encenação de Emilio Sagi, deixa um pouco a desejar, pela sua sua sobriedade e falta de cor, que reduzem um pouco o carácter cómico da ópera.

Como curiosidade, Juan Digo Flórez ao interpretar Tonio no Teatro La Scala de Milão, quebrou uma tradição de 74 anos sem "encores". O tenor repetiu a ária "Ah mes amis que jour de fête".


Alberto Velez Grilo

Foto: Decca

terça-feira, 4 de março de 2008

Herbie Hancock

Herbie Hancock nasceu a 12 de Abril de 1940 em Chicago (estados Unidos da América).

Tal como vários pianistas associados ao Jazz, também Hancock começou os seus estudos na música erudita. Aos 11 anos de idade interpretou com a Orquestra Sinfónica de Chicago o Concerto nº 5 em Ré Maior para piano e orquestra de Mozart.

O seu gosto pelo Jazz aparece uns anos mais tarde, quando começa a ouvir e a interpretar ao piano temas dos grandes pianistas da altura (Oscar Peterson, George Shearing, Bill Evans, etc.).

Em 1960 é descoberto pelo trompetista Donald Byrd, que o convida a participar na sua banda. Conhece também nesta altura Alfred Lion da Blue Note Records para a qual viria a assinar um contrato como interprete a solo dois anos mais tarde. Em 1963 é lançado o álbum Takin' Off que se torna de imediato um sucesso.

Ainda em 1963, Herbie Hancock recebe um convite que viria a mudar a sua vida, e seria um dos maiores impulsos da sua carreira. É convidado por Miles Davis para integrar o seu famoso quinteto (segundo quinteto). Hancock permanece no Miles Davis Quintet durante cinco anos. Neste período o quinteto conquista audiências e faz vários lançamentos discográficos. Álbuns como ESP, Nefertiti e Sorcerer são uma referência. Muitos críticos consideram o Miles Davis Quintet como o melhor agrupamento de Jazz dos anos 60. Mesmo depois de deixar o quinteto, Hancock ainda aparecerá com Miles Davis nos álbuns Silent Way e Bitches Brew que dão início ao Jazz-Fusion.

Durante o tempo em que permaneceu no Miles Davis Quintet, Herbie Hancock desenvolveu também uma carreira a solo e lançou sob a tutela da Blue Note Records, álbuns como Maiden Voyage, Empyrean Isles e Speak Like a Child. Em 1966 compõe a banda sonora do filme Blow Up de Michelangelo Antonioni, que o lança também no mundo do cinema e que lhe virá a dar muitos êxitos nos anos seguintes.

Depois de deixar o Miles Davis Quintet em 1668, Hancock dedica-se quase exclusivamente ao Jazz-funk Electrónico. Forma uma nova banda de nome The Headhunters. Em 1973 grava o álbum Head Hunters, que se tornou no primeiro álbum da área do jazz a ganhar um disco de platina nos Estados Unidos da América.

Nos meados da década de 1970, Herbie Hancock enchia estádios nos seus concertos. Os seus álbuns entram nos Top's da música pop e são ainda hoje inspiração para músicos das áreas do hip hop e da dance music.

Embora com enorme sucesso, Hancock não deixa de participar e gravar com os grandes nomes do jazz da altura, nomeadamente com a banda VSOP (reunificação do Miles Davis Quintet com Freddie Hubbard em vez de Miles), em vários trios e quartetos por si liderados e em duetos com outros pianistas como Cick Corea e Oscar Peterson.

A década de 1980 é marcada pela conquista de um Grammy para o melhor álbum R&B instrumental com Future Shock e de um Óscar para a melhor banda sonora (filme Round Midnight).

Outro marco importante na carreira de Herbie Hancock foi o lançamento em 1998 do álbum Gershwin's World (Verve Rocords). Neste álbum reúnem-se grandes nomes das mais variadas áreas musicais. Nomes como Joni Mitchell, Stevie Wonder e Kathleen Battle (cantora de ópera) destacam-se entre outros. O álbum não inclui apenas temas da autoria de Gershwin, mas também de outros compositores que de certa forma estão com ele relacionados ou que influenciaram as suas composições. Destaca-se a interpretação de um concerto para piano e orquestra de Maurice Ravel em que Hancock é acompanhado pela Orquestra de Câmara Orpheus.
Gershwin's World ganhou em 1999 três Grammys, incluindo o de melhor álbum de jazz tradicional e melhor álbumm R&B Vocal (para Stevie Wonder).

Nos últimos anos Harbie Hancock tem mantido uma carreira bastante activa e colaborado com músicos dos mais variados quadrantes. Salientam-se os álbuns FUTURE2FUTURE (hip hop e techno - 2001), Live at Massey Hall (tributo a Miles Davis e John Coltrane - 2002) e Possibilities (2005) com, entre outros, Sting, Annie Lennox, Christina Aguilera, Paul Simon e Carlos Santana.

O seu último triunfo chama-se River The Joni Letters, que conquistou o Grammy para o álbum do ano em Fevereiro de 2008.


Alberto Velez Grilo

Foto: Eamonn McCabe
Texto baseado em artigos da Wikipedia e conteúdos do site www.herbiehancock.com

River - The Joni Letters - Herbie Hancock

Lançado pela Verve Records em Setembro de 2007, o álbum River - The Joni Letters é uma homenagem de Herbie Hancock a Joni Mitchell.

Inovador como sempre, Herbie Hancock conjuntamente com Larry Klein, são os responsáveis pela produção e arranjos das melodias e poemas de Joni Mitchell. A abordagem utilizada foi a de fazer a música expressar os sentimentos expressos na letra, mantendo a linha melódica de Mitchell.

O próprio Hancock diz acerca deste trabalho o seguinte: "Nesta altura da minha carreira, quero fazer algo que toque a vida e o coração das pessoas".

Acompanham Hancock neste álbum:

Wayne Shorter - Sax Tenor e Sax Soprano;
Dave Holland - baixo;
Vinnie Colaiuta - Bateria;
Lionel Loueke - Guitarra.

Para interpretar os temas vocais, Hancock convidou alguns cantores de topo:

Norah Jones;
Tina Turner;
Corinne Bailey Rae;
Joni Mitchell;
Luciana Souza;
Leonard Cohen.

Do álbum fazerm parte os seguintes temas:

Court and Spark - Joni Mitchell (voz: Norah Jones);
Edith and the Kingpin - Joni Mitchell (voz: Tina Turner);
Both Sides Now - Joni Mitchell;
Sweet Bird - Joni Mitchell;
Tea Leaf Prophecy - Joni Mitchell, Larry Klein (voz: Joni Mitchell);
Solitude - Edgar De Lange, Duke Ellington, Irving Mills;
Amelia - Joni Mitchell (voz: Luciana Souza);
Nefertiti - Wayne Shorter
The Jungle Line - Joni Mitchell (voz: Leonard Cohen).

River, lançado no final de Setembro obteve várias nomeações para os Grammy's Awards, tenho vindo a ganhar o prémio para o Melhor Álbum do Ano, o que constitui um marco importantíssimo para a história do jazz.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.herbiehancok.com

Herbie Hancock - In Concert

Lançado em 2001 e reeditado em 2004, o DVD Herbie Hancock In Concert foi gravado para o Bet Jazz (The Jazz Channel) em 2000.

O concerto tem como base o trabalho de Herbie Hancock realizado no álbum Gershwin's World em 1998 que lhe valeu três Grammy Awards.

No concerto não são apresentados todos os temas do álbum, que incluí, entre outros, um concerto para piano e orquestra de Maurice Ravel.

Assim, fazem parte deste DVD os seguintes temas:

Fascinating Rhythm - George Gershwin;
St Louis Blues - W.C. Handy;
Cotton Tail - Duke Ellington;
Bluebarry Rhyme - James P. Johnson;
The man I love - George Gershwin e Ira Gershwin;
Here Com De Honey Man - George Gershwin;
Cantaloupe Island - Herbie Hancock;
One Finger Snap - Herbie Hancock;
Maidan Voyage - Herbie Hancock e Jean Carole Hancock.

Para além do concerto, faz parte do DVD um entrevista a Hancock onde o artista fala do trabalho realizado para o álbum Gershwin's World.

O som e a imagem são de bastante qualidade. O DVD peca por ter pouca informação escrita acerca do concerto em si.


Alberto Velez Grilo

Foto: www.image-entertainment.com